“Colocation sempre é o nicho que mais busca certificações, em função da natureza de sua operação, que é fornecer uma infraestrutura adequada de data center para um cliente, normalmente corporativo que tem exigências claras de eficiência, qualidade e governança”, revela o diretor de Desenvolvimento de Negócios do Uptime Institute na América Latina, Henrique Shiroma, acrescentando que o setor financeiro também não tem ficado atrás. “Em geral (B3, Banco do Brasil, Bradesco, Itaú, Santander), com destaque para o Banco Santander, que possui um dos únicos data centers nível Tier IV do país, e o Itaú, que tem todas as Certificações Tier de Projeto, Construção e Operação. No setor público, o destaque é a Dataprev, que tem todas as Certificações Tier de Projeto, Construção e Operação.

Instituição mundialmente reconhecida pela criação e administração dos rigorosos Tier Standards & Certificações para data centers, o Uptime Institute é hoje a entidade máxima em certificação de data centers no globo. O Sistema de Classificação Tier avalia instalações de data centers em termos de desempenho da infraestrutura de sites ou tempo de atividade. O Uptime Institute é uma instituição independente, a organização não desenvolve, cria ou opera data centers.

Em entrevista exclusiva, Henrique Shiroma, que lidera os negócios da instituição na América Latina, fala sobre as diversas variáveis que envolvem o universo dos data centers e suas certificações. Confira a entrevista na íntegra, a seguir.

DatacenterDynamics: Como suprir as crescentes demandas de capacidade para os próximos cinco anos?

Henrique Shiroma: Do nosso ponto de vista, é modularizar e pré-certificar o que for possível para poder atender a demanda de forma rápida e escalável.

DCD: Que papel o data center exerce no suprimento dessa demanda?

H. S.: Do ponto de vista de capacidade de processamento de dados, é essencial e tem que crescer com as melhores práticas pra que os serviços tenham a resiliência necessária para operar num mundo cada vez mais dependente de estar online e operante.

DCD: On-premise vs Data Centers Edge: como caminha o mercado brasileiro?

H. S.: Em todas as direções, On-Premise, Colo, Edge e Nuvem vão coexistir sempre e cada qual em uma função específica.

DCD: O Brasil tem potencial para construir a quantidade de data centers que precisa?

H. S.: Pelo que observamos no mercado até agora o mercado se mostra ativo e com capital para investimentos.

DCD: Como o Uptime Institute avalia o mercado de data center brasileiro?

H. S.: O mercado vem evoluindo de forma gradual, está amadurecendo. Mas ainda falta ao mercado cobrar evidências de operação sustentável do ponto de vista de resiliência. Nem todos os data centers têm certificações de projeto e construção e poucos têm certificação de operações.

DCD: Qual será a realidade do setor após a pandemia?

H. S.: Cremos que deve passar a tratar de crescer rápido para atender de forma sustentável o crescimento da demanda que já foi gerado pelo trabalho remoto; conexões de telecomunicações também devem ter um grande incremento.

DCD: Gostaria que falasse um pouco da certificação Tier. Quando foi criada e o que cada nível atesta?

H. S.: Os primeiros documentos do padrão Tier foram publicados há 25 anos e vêm sofrendo pequenas atualizações no decorrer dos anos.

Ao todo quatro classificações regem globalmente toda a indústria. O foco está na Infraestrutura Elétrica, Mecânica e Condicionamento de Temperatura; elementos que suportam toda a carga de TI.

Tier I – Capacidade Básica (Dentro dos padrões do Padrão Tier com todo o suporte as condições mais críticas possíveis para a localização do data center).

Tier II – Capacidade Redundante (Os componentes Elétricos, Mecânicos e de Condicionamento de Temperatura com redundância).

Tier III – Capacidade com Manutenção Concorrente (Possibilidade de fazer Manutenção simultaneamente de todo e qualquer sistema ou componente que suporta operações de TI sem que a carga seja afetada).

Tier I V– Tolerante a falhas (tolera o impacto cumulativo de qualquer componente, sistema ou caminho de distribuição de infraestrutura).

DCD: Gostaria que você falasse sobre o processo de avaliação. Como é feito?

H. S.: O procedimento de avaliação consiste em apontar todos os pontos falhos e passiveis de melhoras de Projeto pela equipe do Uptime Institute e corrigidos pelos clientes. O objetivo é eliminar todos os pontos de falha para a obtenção da classificação pretendida.

DCD: Quais são os benefícios centrais no processo de certificação?

H. S.: Certificações de Projeto:

  • Revisão pela equipe global do Uptime Institute, com a excelência de um time que já certificou 1.677 processos em 99 países
  • Verificação de capacidade por cálculos, tendo em conta a localização do data center
  • Endosso dos fabricantes fornecedores do cumprimento das capacidades pelos cálculos da localização.

Certificações de Construção

  • Demonstration List – Lista de provas simulando as falhas dedicadas ao site para comprovar todos os problemas possíveis e comprovar sua classificação.
  • A Equipe do site precisa executar as provas para verificação da resposta a falhas
  • Comprova se a construção é fiel ao projeto Certificado

Certificações de Operações

  • Revisão de todos os documentos de operação do site
  • Revisão de todos os procedimentos
  • Entrevista com os operadores do Site (Auditoria)

DCD: No Brasil qual é o nível mais popular da certificação e por quê?

H. S.: Tier III – é o Tier que tem o melhor custo-benefício de investimentos em infraestrutura e que satisfaz a maioria das aplicações.

DCD: Algum data center no Brasil possui o nível Tier IV?

H. S.: Somente dois data centers possuem a Certificação de Projeto e um deles tem Certificação de Construção e o segundo em processo.

Respectivamente Banco Santander em Campinas e Telebras em Brasília.

DCD: O número de empresas brasileiras que busca a certificação tem crescido? Como o Uptime Institute avalia a competitividade entre as empresas de data center no Brasil?

H. S.: Sempre existe o interesse, mas normalmente não é priorizado num primeiro momento (antes do Projeto), mas é uma característica de nosso mercado e do planejamento estratégico dos operadores. O próprio mercado se encarrega de selecionar e classificar a concorrência.

*Henrique Shiroma está entre os palestrantes da DCD>Brasil Digital Week 2020, no DCD>Debate, que tem como tema: Como Suprir as Crescentes Demandas de Capacidade para os Próximos 5 Anos? O evento acontece no dia 7 de julho, às 09:30. Para realizar sua inscrição, clique aqui.