Globalmente a Equinix investiu mais de US$ 120 milhões em eficiência energética e retrofits. Recentemente, a companhia abriu um centro de inovação em Washington, D.C. – Estados Unidos. Trata-se da primeira Co-Innovation Facility, um novo recurso que permite aos parceiros trabalhar com a Equinix em testes e desenvolvimento de inovações, tais como identificar um caminho para células de combustível de hidrogênio limpas ou implantar soluções de bateria de maior capacidade. O objetivo é através dessas iniciativas contribuir para a definição do futuro global da infraestrutura digital sustentável e de serviços.

Atualmente, a área de Washington - D.C., é uma das regiões mais interconectadas e responsável por alimentar a economia digital global. O campus de data centers da Equinix em Ashburn - Virgínia, localiza-se onde está instalado o maior ponto de peering de internet da América do Norte e um dos maiores do mundo, é um polo de comunicações estratégicas para o leste dos Estados Unidos e uma importante porta de entrada para a Europa. O campus é o polo de interconexão mais denso e proporciona proximidade com empresas que atuam no setor financeiro, governamental, de serviços de mídia digital e conteúdo, redes globais e provedores de serviços de cloud.

Entre as inovações sustentáveis que também serão realizadas no Campus de Ashburn, o CEO da Equinix no Brasil revela que estão: resfriamento a líquido e de alta densidade e energia definida por software (VPS) com armazenamento de energia em bateria no rack (Natron Energy). Em entrevista, Eduardo Carvalho, fala sobre os benefícios desta iniciativa para os clientes brasileiros e revela outros investimentos da Equinix no Brasil para os próximos anos. Leia, a seguir.

DatacenterDynamics: Que benefícios os clientes brasileiros da Equinix terão, com a recentemente a iniciativa da empresa com parceiros para testar inovações sustentáveis em data centers em Washington, D.C. – Estados Unidos?

Eduardo Carvalho: A Co-Innovation Facility é parte central da iniciativa "Data Center of the Future Initiative", e inovar em sustentabilidade é um dos objetivos da Equinix para 2022 e além. Este centro está localizado em nossa data center International Business exchange (IBX) DC15, na área de Washington, D.C, e será um ambiente destinado a criar e testar inovações com parceiros. A meta é desenvolver soluções que possam depois ser reproduzidas nos demais data centers da Equinix para torná-los mais sustentáveis e colaborar para o cumprimento de nosso compromisso de atingirmos a neutralidade climática até 2030 e de utilizarmos somente fontes de energia limpas e renováveis.

DCD: A Equinix vem fortemente anunciando que o data center do futuro deve ser sustentável. Que iniciativas sustentáveis vêm sendo implementadas nos data centers da empresa no Brasil que você pode destacar?

E. C.: Mantemos programas de eficiência energética como parte de nossa política de sustentabilidade, com ações como sistemas de controle adaptativo, confinamento de corredor refrigerado, LED com eficiência energética e iluminação controlada por movimento, entre outros. Globalmente, a Equinix já investiu mais de US$ 120 milhões em eficiência energética e retrofits. Nossos programas nos ajudaram a evitar o consumo de 25,000 kilowatts (KW) por ano, ou 1,1 milhão de MWh desde 2011.

Os novos data centers seguem padrões de design com a eficiência energética como prioridade, e os projetos aproveitam as condições ambientais locais. O sistema de captação de água da chuva em nosso data center do Rio de Janeiro, por exemplo, reduziu pelo menos 70% o consumo de água e 10% de energia desde que foi inaugurado; nosso site SP3, de São Paulo, coleta a água da chuva, que é tratada e usada no sistema de free cooling (resfriamento a partir da diferença entre a temperatura interna e externa) evaporativo. Durante os períodos de chuvas fortes, 100% da água de resfriamento vem da chuva, economizando aproximadamente 700.000 galões por ano (1 galão corresponde a 3,785 litros).

DCD: A Equinix escolheu São Paulo para instalar o primeiro data center de hiperescala da região. Em que estágio está o projeto?

E. C.: O SP5x, localizado em Santana de Parnaíba, próximo à capital paulista, é o primeiro data center de hiperescala da Equinix nas Américas e está em operação desde outubro de 2021. Nesta primeira fase, o data center tem capacidade aproximada de 5 megawatts (MW), e deverá fornecer uma capacidade total de 14,4 MW quando concluídas todas as etapas de expansão. O investimento total estimado é de US$ 116,4 milhões.

Como você bem observou, o SP5x se difere dos data centers tradicionais de varejo da Equinix. Este modelo de data center, batizado de xScale, tem como objetivo atender clientes de grande escala, como os maiores provedores de serviços de cloud do mundo. As instalações são projetadas de acordo com os requisitos técnicos, operacionais e de preços dessas empresas, que exigem grandes quantidades de espaço e energia para suportar a enorme expansão de milhares de servidores para Cloud Computing, Analytics de Big Data ou tarefas de armazenamento.

DCD: Além deste projeto, a Equinix tem intenção de construir outros data centers pelo país?

E. C.: Prevemos que a demanda por conexão com provedores de cloud computing e interconexão seguirá intensa nos próximos anos no Brasil, e nós estaremos prontos para apoiar nossos clientes quando e onde for preciso.

DCD: Quais são os planos da Equinix para o Brasil? Construir mais data centers ou otimizar as instalações existentes?

E. C.: Nós já temos alguns terrenos preparados para mais investimentos nos próximos anos, e parte de nossos data centers em operação possui espaço suficiente para abrigar expansões. Inclusive os nossos data centers SP3 e SP4 tiveram sua capacidade ampliada em 2021.

Além do SP5x, temos outros dois data centers xScale previstos para São Paulo por meio da joint venture global entre a Equinix e o GIC. Um deles, para se ter ideia, terá área cinco vezes maior do que SP3.

São Paulo é um mercado estratégico, uma vez que é a área metropolitana core que cresce mais rapidamente no mundo, atingindo uma taxa composta de crescimento anual de 50% em quatro anos. As empresas tradicionais — particularmente de serviços financeiros — puxam esse crescimento, de acordo com o Global Interconnection Index Vol. 5 (GXI), estudo de mercado encomendado anualmente pela Equinix.

DCD: Segundo estudos realizados pelas principais consultorias do mercado, o setor de data center brasileiro ainda tem muito para crescer e os próximos anos serão fundamentais para as empresas se posicionarem. A Equinix partilha da mesma opinião? Como a Equinix avalia o mercado brasileiro hoje em relação a outros países da América Latina?

E. C.: Não temos dúvidas de que o crescimento da economia digital vem impulsionando fortemente a busca não somente por espaço e energia como também por conectividade e multicloud híbrida em todo o continente. Todo o setor de data center vem acompanhando esse crescimento. Segundo o GXI, a velocidade de interconexão nas Américas crescerá a uma taxa composta anual de 43%, alcançando mais de 10.156 Tbps até 2024. Essa expansão está alinhada com a demanda cada vez maior pela infraestrutura digital necessária para migrar mais negócios para o mundo online, facilitar a integração com parceiros e cadeias de fornecimento, bem como alcançar mais pessoas em ambientes de trabalho híbridos distribuídos geograficamente.

Além dos mercados e verticais onde já se prevê crescimento, devemos contar com as surpresas que virão. Neste exato momento há alguém desenvolvendo um aplicativo que vai transformar um mercado tradicional, e tudo isso é baseado em TI e em data centers.