"O cenário do setor de data centers no Brasil tem evoluído constantemente por diversos fatores. Um deles é o investimento de grandes provedores de Cloud Computing para descentralizar suas operações, devido à oferta de mais infraestrutura de conectividade no Brasil e saturação de data centers em mercados maduros. Isso tem levado essas empresas a migrarem suas estruturas para a nossa região, prestando serviços localmente, e, muitas delas, já com planos de futuras expansões. A chegada do 5G no Brasil e outros países latino-americanos e a migração de diversos serviços para a nuvem ter sido acelerada pela pandemia também explicam esse cenário", avalia Cléber Braz, VP Sênior de BuzDev e Experiência do Cliente da Scala Data Center, empresa de Colocation que tem feito investimentos substanciais na construção de data centers no Brasil e na América Latina, totalizando US$ 2 bilhões até 2023. Cifra que deve chegar a US$ 3,5 bilhões até 2027.

Para tanto, a companhia desenvolveu um modelo de negócios inovador e aposta em metodologias proprietárias. Para apoiar o rápido crescimento, a empresa verticaliza todas as etapas de implementação de um data center, permitindo a redução do tempo de entrega e padronização, com ganho de escala e possibilidade de customização.

Recentemente também lançou o FastDeploy, um método que permite construir data centers em um prazo até 50% menor em relação ao modelo atual do mercado e fundamental para levar data centers a mercados regionais e estratégicos, em consonância com a tendência de descentralização da infraestrutura de TI. Hoje, com cinco data centers, a Scala já anunciou sites em Porto Alegre (RS) e Rio de Janeiro (RJ) nesse formato.

Em conversa com a DCD, Cléber Braz destaca que a empresa possui um modelo comercial flexível, garantindo a construção e disponibilização de data centers single e multi tenant com agilidade e o uso de energia certificada. Desta forma, oferece aos clientes um caminho seguro para expansão das operações em longo prazo, em um período de 10 a 15 anos, o que é um diferencial especialmente para o mercado hyperscale.

Nos próximos cinco anos a Scala planeja inaugurar mais 28 data centers. Existe mesmo esta demanda?

A demanda é crescente e a Scala inaugurou o maior data center vertical da América Latina em seu Campus Tamboré (SP), com quase 13 mil m2 de área total construída, 56 metros de altura e dedicado a um único cliente. No mesmo campus já temos mais três data centers vendidos, todos single tenant. O Campus Tamboré será expandido para ter uma capacidade de 400 MW nos próximos anos.

Essa grande demanda se deve a alguns fatores que tem feito o Brasil e a América Latina atrair muitos investimentos nos últimos anos, principalmente de grandes empresas como provedores de nuvem e conteúdo, integradores e de Software as a Service (SaaS), entre outros. Grandes provedores de nuvem também vêm ampliando sua presença física para atender melhor a esses mercados. Assim, eles estão aumentando os investimentos não apenas em infraestruturas locais, mas também – e muito importante – em instalações de Colocation.

Além disso, a digitalização da economia local vem aumentando e, com isso, aplicativos e outras soluções baseadas em software fundamentais para habilitar e melhorar a experiência do cliente estão sendo descentralizados para contornar gargalos como reduzir a latência. Para isso ser possível, é necessário ter à disposição a infraestrutura digital adequada.

A evolução das regulamentações de proteção de dados em todo o mundo também está reformulando a demanda de infraestrutura digital, à medida que aumenta a obrigação de armazenamento local de dados. Por isso, toda a cadeia de infraestrutura de TI vem trabalhando para colocar cada vez mais cargas de trabalho mais próximas dos usuários finais, inclusive no Brasil e na América Latina.


De que nicho vem a maior parte da demanda por data center hoje?

Para a Scala, o segmento foco é o mercado Hyperscale, que tem tido presença cada vez maior no Brasil e na América Latina, impulsionado por grandes compradores de Colocation. Portanto, precisam de uma infraestrutura digital robusta.

Além disso, o mercado brasileiro tem amadurecido com a digitalização da economia, o que faz a infraestrutura digital ser ainda mais importante para empresas de diversas áreas como e-commerce, telecomunicações e financeiro, por exemplo.

Segundo estudo da Consultoria Arizton, setores como nuvem, telecomunicações, BFSI e saúde e governo – que está migrando suas cargas de trabalho para a nuvem – são os principais impulsionadores da demanda por serviços de Colocation no Brasil. Adoção de nuvem, implantação de rede 5G comercial, implementação de IA, Internet das Coisas (IoT), Big Data e Transformação Digital são outros fatores importantes para esse cenário. Já a IDC Brasil, consultoria de inteligência de mercado, publicou no início deste ano, a edição de 2022 do IDC Predictions Brazil e estimou que o setor de TI cresceria 10,6%; o de Telecom, 4%; e o de TI Enterprise, composto exclusivamente por empresas, 8,9%. Uma das tendências que explicaria isso é que os ambientes híbridos, que incluem Cloud e recursos de TI tradicional, estariam em mais de 70% das empresas de médio e grande porte.


Alguns especialistas apontam que nos próximos cinco ou seis anos o mercado de data center brasileiro chegará à maturidade. É isso mesmo?

O mercado brasileiro apresenta um potencial sólido, esperamos um ciclo de crescimento longo pela demanda de novos data centers e necessidade de atualizar sites existentes, por meio de retrofit.

Outra tendência importante é a descentralização da infraestrutura de TI, que levará ao desenvolvimento de estruturas para mercados regionais e estratégicos, saindo de cidades tradicionais. Com isso, ainda há muitas formas de aumentar a participação no setor, em médio e longo prazo.

Dados de mercado também mostram isso, de acordo com a Consultoria Arizton, o Brasil é o maior mercado para esse segmento na América Latina, detendo cerca de 50% do setor na região. O tamanho do segmento de data centers no país é avaliado em US$ 2,23 bilhões e deve chegar a US$ 3,69 bilhões até 2027 e não deve parar por aí.