“Não temos como escapar da evolução tecnológica. A cada dia iremos necessitar de maior capacidade de processamento, maiores data centers, com maior capacidade. Sendo assim, os novos devem já nascer com IA e completamente digitais, o que permite um total controle, eficiência energética e diminuição de custos de operação”, aponta o gerente sênior de Produtos Data Center Facillty da Huawei, Marco Antunes, destacando que, no Brasil as empresas estão evoluindo para data centers modernos. “Podemos dizer que 30 a 45% deles estão com soluções mais modernas. Entretanto, estamos longe de data centers 100% digitais, com IA aplicada em sua operação.

De acordo com ele, com o 5G, que já é uma realidade, a velocidade de crescimento e necessidade de redução em procedimentos de manutenção e controle serão uma exigência cada vez maior. Por isso, será vital que um data center moderno seja completamente modular, com UPS modulares com troca a quente de peças, equipamentos de ar-condicionado de rápida manutenção e conexões rápidas. Confira a entrevista na íntegra, abaixo.

DCD: Novas tecnologias e estratégias para a otimização dos data centers: por onde começar a modernização?

Marco Antunes: Atualmente, quanto mais digital, mais eficiente será o data center. Para isso, o primeiro ponto será analisar as infraestruturas atuais, verificando o quanto elas podem ser digitalizadas, com instalação de hardware específicos de comunicação para monitoramento de toda infraestrutura.

Mas não basta monitorar. Devem ser utilizadas tecnologias com software dedicados para análise de dados obtidos para gerar os devidos controles da operação. Para isso, quanto mais inteligente for o sistema, melhor. Por isso, deve-se procurar equipamentos e softwares que utilizam IA e Learn Machines.

DCD: Que características um data center tem que ter hoje para ser considerado moderno?

M. A.: Um data center moderno, deve ter seu projeto voltado à maior Eficiência Energética, modularidade de crescimento, otimização de espaços, gestão por IA e preocupar-se com a redução de emissões de carbono, tanto em seu projeto como em sua operação.

Os sistemas de DCIM foram desconsiderados por muito tempo: primeiro devido ao seu custo inicial, mas também devido a integração de diversos sistemas em um mesmo software de gestão, o que era oneroso.

Hoje, com a Inteligência Artificial sendo aplicada cada vez mais em hardwares e softwares, pode-se utilizar o DCIM, automatizando a operação e modernizando o data center e operação diária - quanto mais digital, mais moderno. Cada vez mais projetistas e gestores de data centers deverão atualizar suas instalações e operações.

A Huawei se preocupa muito com a eficiência dos data centers em sua operação e por isso já utiliza IA em toda sua linha de equipamentos e softwares de gestão. Inclusive, em suas soluções pré-fabricadas, foi desenvolvida uma solução que permite efetivo controle de energia e temperatura, de acordo com as zonas de operação do data center.

DCD: Que novas técnicas vêm sendo utilizadas e quais são a eficácias delas?

M. A.: A mais recente é a Inteligência Artificial, utilizada na operação do data center, que permite que tenhamos reduções de custos de operação de até 35%, além de aumentar a eficiência de sistemas de água gelada de 8 a 20%, pois consegue ajustar a operação do BMS de controle de forma precisa, de acordo com a necessidade de operação.

Entretanto, deve-se investir na automatização dos equipamentos e subsistemas para poder empregar esta tecnologia.

Claro que tivemos evoluções em equipamentos de ar-condicionado e UPSs com maior eficiência em sua operação, reduzindo os custos relacionados à energia elétrica.

No caso dos sistemas de ar-condicionado, temos hoje a fabricação de sistema de insuflamento frontal, o que permite inundar o ambiente de TI, diminuindo as perdas de geração de ar frio, com enclausuramento do corredor frio, aumento a eficiência desta troca de calor e, com isso, diminuindo o custo energético.

Outro importante desenvolvimento são as baterias de lítio, que permitem uma menor quantidade de trocas de baterias durante a vida útil de um data center, garantindo uma vida útil de até 15 anos. Essas, a cada ano, têm seu custo reduzido e permitem uma redução de espaço físico em até 70%. Com isso, é reduzido o investimento em combate a incêndio e, no caso de soluções digitais, a manutenção, pois tem-se um controle efetivo de toda operação, como a SmartLi da Huawei, composta do material LFP - o mais estável e seguro na atualidade.

Desta forma, a cada dia, os fabricantes de equipamentos de infraestrutura, devem promover cada vez mais a utilização de IA em suas soluções e a Huawei tem evoluído constantemente nos conceitos e pré-projetos para garantir a seus clientes a melhor eficiência e confiabilidade. Por isso, a Huawei não se dedica somente a projetar equipamentos, mas sim soluções integradas de data centers.

DCD: Na hora de equilibrar “Qualidade x Preço" de que lado as empresas brasileiras ficam?

M. A.: Infelizmente, ainda mantemos a relação que, para se ter uma qualidade satisfatória, o menor preço é o principal parâmetro de avaliação. Com isso, muitas vezes, deixamos de lado sistemas mais eficientes e modulares, com projetos mais voltados para eficiência de operação com digitalização e controle.

Temos que começar a verificar não somente o custo de investimento inicial, mas os custos futuros em operação e manutenção, pois com a redução destes valores teremos uma operação muito mais rentável e sem dores de cabeça futuras.

Claro, para isso, temos que alterar nossos conceitos de projetos e investimentos, como países na Europa e Ásia, onde temos excelentes exemplos de investimentos em data centers modulares e digitais, que têm reduzido custos operacionais e energéticos, deixando a operação mais eficiente e com menores custos.

DCD: As empresas brasileiras utilizam tecnologias modernas ou ainda são muito tradicionais na hora de modernizar seus ambientes de TI?

M. A.: As empresas brasileiras estão começando a mudar seu conceito de uma forma muito tímida: ainda executam projeto de forma tradicional, sem muita tecnologia embarcada, principalmente no que diz respeito à Eficiência Energética e o gerenciamento.

Mas isto acontece porque no momento do planejamento dos projetos, muitas vezes não se verifica a questão de integração e digitalização e benefícios futuros. Estamos acostumados a comprar tudo separado, com menor custo, e começar a operar.

Acredito que estamos começando a jornada de inserir mais tecnologia em projetos e efetivarmos as atualizações em data centers atuais. Mas temos muito a evoluir para sermos mais modernos e modulares.

DCD: Que novas soluções a Huawei oferece para o conceito de “Data Center Moderno”?

M. A.: Devido aos investimentos em R&D, a Huawei inova mais a cada ano. Hoje temos soluções 100% modulares com alta eficiência e com IA embarcada em produtos e softwares.

Temos soluções de alta tecnologia como a SmatLi, uma bateria de Lítio inteligente, gerenciável e que não pega fogo ou explode; um novo UPS que é 100% modular com 0S de transferência entre ECO mode e Dupla conversão, que tem 1.2MW e apena 1.6 metros de largura. Nossos UPS tem a capacidade de informar a vida útil de capacitores, ventiladores e conexões elétricas de barramentos, além de diversas soluções indoor e outdoor para data centers de todos tamanhos e capacidades, desde um até 10.000 racks, e todas as soluções com IA e software de monitoramento integrado.

O Fusion Module 500, nosso último lançamento, é um micro data center para Edge Computing em único rack de 19 polegadas e 22Us livres para ativos. Fornecemos painel elétrico, UPS de 6kVAs, ar-condicionado de precisão de 3.5kW de calor sensível, bateria de lítio para uma hora de operação, sistema de combate a incêndio com NOVEC 1230, abertura de portas pró- reconhecimento facial e tudo 100% monitorado, podendo o cliente monitorar até três unidades sem nenhum investimento adicional. A instalação pode ser feita em qualquer ambiente, pois não precisa de condensadora - basta ligar à energia elétrica.