De acordo com a Zeittec, o mercado de data center da Região Sul é voltado para realização de projetos inovadores e de alta complexidade, onde a demanda é superada pelo valor agregado.

“O Sul do Brasil é um mercado muito focado em tecnologias de ponta, onde a implantação de data centers corporativos é feita para clientes bastante exigentes, coordenada por stakeholders e profissionais de TI, que possuem alto grau de conhecimento técnico. Isso nos leva a projetar e construir ambientes de missão crítica com características complexas. Nos desafia a estar sempre um passo à frente, no que diz respeito às tendências de TI”, destaca Fabrício Costa, diretor técnico da Zeittec, empresa de engenharia do segmento de Tecnologia da Informação.

“Por se tratar de um polo industrial forte, e as empresas terem competências e desafios diferentes, se faz necessário o uso de tecnologias personalizadas para cada demanda, inclusive gerar diferencial competitivo. Ou seja, menos tecnologias de varejo e mais tecnologias customizadas”, avalia Esdras Moreira, CEO da Introduce, empresa de Cloud, LGPD e Transformação Digital com base em Porto Alegre, região que ainda tem muito espaço para a aplicação de novas tecnologias, segundo aponta o CEO.

Fatores positivos na região

Responsável por 16% do PIB nacional, forte no Agronegócio, na indústria automobilística e no setor de serviços, em todos esses segmentos a região possui empresas com um perfil tecnológico, que precisam de data centers para lidar com quantidades cada vez maiores de dados e sistemas administrativos.

“Além da economia robusta, outro fator positivo é que a região se destaca por ter uma boa infraestrutura energética e de telecomunicações, com ampla oferta de eletricidade e banda larga”, desta o diretor técnico da Zeittec, já que esses são requisitos muito relevantes na implantação de data centers de alta eficiência, pois garantem maior segurança contra interrupções no processamento de dados, além de uma transmissão ultraveloz para a oferta de serviços com alta qualidade.

“Existe um mercado em potencial principalmente para data centers que foquem em atender grandes players de nuvem, como AWS, AZURE, GCP e OCI, bem como focar em empresas de software e Telecom”, aponta Gabriel Goltz, CEO da 2Cloud, empresa gaúcha de soluções em nuvem.

Ainda contando com poucos data centers Tier III, entre os destaques na Região Sul estão: o Data Center da Unifique, em Timbó, na região do Vale do Itajaí (SC); o Data Center da Quântico, no Parque de Inovação de Canoas (RS), e o novo Data Center do Banrisul em Porto Alegre (RS).

Hoje o sexto maior banco brasileiro, o maior do Sul do Brasil, o Banrisul atua em um universo de mais de 4 milhões de clientes, dentro de um estado de 10 milhões de habitantes, com 500 agências e toda estrutura de um banco digital.

“Após um investimento de R$ 83 milhões, hoje o Banrisul possui data center que foi construído dentro de um alto nível de sustentabilidade, com reciclagem de água, o que permite reduzir o custo de ar condicionado com o uso de ar frio externo”, destaca Jorge Krug, diretor de tecnologia e inovação do Banrisul.

Entraves

“O mercado de data center da Região Sul ainda possui forte visão de on-premisse, é preciso olhar para frente e desenvolver a cultura de Colocation e serviços direcionados de data center. Além disso, a região é carente de data centers Tier III Facility para atender demandas de missão crítica”, avalia Felipe Rossi, CEO e fundador da BRASCLOUD, empresa com base em Cascavel (PR).

Para Gabriel Goltz, “o grande entrave na região ainda é a conectividade, que possui poucas rotas de internet interligando o Sul do país com os grandes pontos de troca de tráfego”.

Esdras Moreira aponta também a conectividade como um entrave na região. Para ele, apesar de existir investimentos, estes são lentos para uma rápida adoção da Cloud Computing.

“Observamos que nesse período pós pandêmico, as empresas têm direcionado seus investimentos na preservação da produção, em canais de venda e na distribuição. O perfil das empresas gaúchas ainda é tradicional ao investir em tecnologia, logo mesmo uma tecnologia de varejo precisa ser conduzida de forma consultiva para trazer com clareza seus benefícios para os clientes”, completa o CEO da Introduce.

Para a Zeittec, entre os maiores entraves na região, estão a alta carga tributária e a burocracia na aprovação de projetos. Ou seja, o “efeito Brasil”.

“Mais que entraves regionais, o setor de data center sofre hoje o impacto de dificuldades globais. Entre eles, a variação cambial que interfere na importação de produtos, a escassez de mão de obra qualificada e o ‘efeito pandemia’, que afeta a cadeia de fornecimento em todo o mundo”, pontua o diretor técnico da Zeittec, empresa de engenharia, com base em Curitiba (PR), que possui em seu portfólio grandes projetos de TI realizados na região. Entre eles estão: o Data Center da Sanepar – PR (2021), o Data Center da Celesc – SC (2020), o Data Center do TRF4 – RS (2019) e o Data Center Backup da Celesc – SC (2018). Além do JFPR, JFSC e ALRS.

“Em 20 anos de atuação colecionamos muitos cases de relevância na implantação de data centers para empresas de vários segmentos. Os clientes da Zeittec vão de indústrias privadas a órgãos públicos, passando pelas maiores empresas de fornecimento de água e energia da região, o que demonstra que temos cases reconhecidos em todos os estados da região”, ressalta o diretor técnico da Zeittec.

Tendências

“O mercado de data center mudou! Antes o foco era o cliente final que alugava um espaço para colocar seus equipamentos. Hoje os principais clientes dos data centers são provedores de cloud, Telecom e claro, provedores de Nuvem Pública”, aponta o CEO da 2Cloud, que recentemente tomou uma decisão estratégica e terceirizou sua Nuvem Privada com data centers de grande capacidade de interconectividade da Equinix, passando a empregar seus esforços em migrações para a Nuvem Pública como AWS, OCI e Azure. “Optamos pelo data center da Equinix, que possui estratégias claras de sustentabilidade, como o uso de energia limpa em 100% de suas operações”, revela Gabriel Goltz.

“É muito claro que as corporações privadas estão sofrendo o impacto de tecnologias como 5G e IoT, que geram cada vez mais dados. Por isso, percebemos o vital crescimento da Edge Computing para serviços de baixa latência”, aponta Claudenir de Oliveira, diretor comercial da Zeittec, acrescentando que, além disso, gestores hoje lidam com empresas que geram uma imensa quantidade de dados sensíveis e, por isso, continuam apostando na implantação de infraestruturas de TI próprias, sob seu controle, muitas vezes aliadas a estratégias híbridas, o que significa que as corporações precisam, como nunca, contar com empresas de engenharia especializadas.

Como estratégia para os próximos anos, a Introduce aposta em projetos voltados para Transformação Digital. “Atuamos junto ao cliente com projetos de longo prazo, bem como com inovação aberta para desafios complexos. Dentro desse contexto, surgem as oportunidades e vamos lançando novos produtos como Universidade Corporativa, Sistemas para gestão da privacidade de dados, Robôs de Automação para otimização de processos, Softwares para segurança de dados em nuvem; melhorando as estruturas de NOC, também preparando a expansão física para Santa Catarina, através de parceria em Curitiba (PR).