Ao longo dos anos, data centers sempre foram conhecidos como grandes consumidores de energia elétrica de usinas tradicionais movidas a combustível fóssil. Mas nos últimos anos, sob pressão de reguladores, investidores e clientes, a indústria de data center vem investindo em energia renovável, com o objetivo de reduzir o impacto ambiental e custos com energia elétrica.

No mundo dos negócios, a preferência por investir em empresas com agendas sustentáveis é crescente. Grandes investidores vêm deixando claro que priorizam empresas comprometidas com fatores ESG, ou seja, aquelas que adotam melhores práticas ambientais, sociais e de governança.

O investimento em sustentabilidade por parte de provedores de data center pode ser um grande negócio. Estimativas preveem que o mercado de data centers verdes deve crescer a uma taxa composta de crescimento anual de 7,5%, de US$ 36 bilhões em 2021 para US$ 55 bilhões em 2027.

Para falar sobre a imprenscindível transição dos data centers para energia verde, a DCD conversou com Fabiano Duarte, Diretor de Infraestrutura de Missão Crítica da Claro.

Profissional experiente no setor, Fabiano participou do projeto CTMM - Centro Tecnológico Mogi Mirim do Itaú Unibanco, em 2016. Com diversos aspectos sustetáveis, o CTMM hoje é um dos maiores data centers do mundo em área construída. Localizado em um terreno de 815 mil m² em Mogi Mirim, a 160 km de distância da capital paulista.

É fato que os data centers têm grande responsabilidade nas emissões de carbono. Sendo assim, o que gestores devem fazer para transformar os princípios da sustentabilidade em ações efetivas no data center?

Os data centers são grandes consumidores de recursos e energia. Para transformar os princípios de sustentabilidade em ações, é imprescindível que haja conscientização de que esses recursos são limitados e que esses princípios façam parte da cultura e do DNA das corporações.

Definir um sponsor, estratégia, políticas corporativas e metas de sustentabilidade são ações chaves para sair da teoria e entrar na prática.

Ser sustentável traz vantagem para o meio ambiente, sociedade e para os negócios.

É possível hoje que um data center opere com energia 100% renovável ​​e com um PUE eficiente de 1,3?

Operar com energia 100% renovável, através de implantação de usinas de geração ou mercado livre, já é uma realidade no país.

Com relação ao PUE, através da automação, técnicas de free cooling, equipamentos de facilities mais eficientes, redução de etapas de transformação de energia, é possível alcançar valores na ordem de 1,3.

Dentro desse contexto o DCIM é um aliado?

O DCIM é um forte aliado, suportando ações de eficiência, tanto do lado de TIC quanto de facilities. Com a capacidade de integrar dados, é possível gerenciar e controlar consumo de energia com ações como power capping em equipamentos de TIC e sistema de ar condicionado.

Com a evolução das soluções de DCIM, teremos de forma massiva capacidades analíticas e de Machine Learning, que possibilitarão recomendações e ações de eficiência mais complexas, de forma automatizada.

Qual é o primeiro passo para que data centers desempenhem um papel fundamental na descarbonização das redes elétricas?

O primeiro passo é definir a estratégia, objetivos e estabelecer um planejamento das ações para alcançá-las.