O setor de Data Centers está crescendo rapidamente. A cada ano, vemos novidades, como novas construções, expansões de infraestruturas existentes, lançamentos de Data Centers, fusões e aquisições. Essas atividades destacam o dinamismo do mercado, e tudo indica que o crescimento continuará em 2024.

“Na América Latina, os desafios da digitalização e da interconexão exigem um número maior de fornecedores de serviços em nuvem e Data Centers", afirma Eduardo Carvalho, Managing Director da Equinix LATAM. De acordo com o último Índice Global de Interconexão (GXI) 2023 da Equinix, estima-se que a região verá um número maior de empresas migrando seus aplicativos de negócios para uma arquitetura de infraestrutura híbrida e multinuvem.

O executivo ressalta que a infraestrutura de TI está passando por grandes mudanças devido às novas tecnologias disruptivas. As empresas digitais estão procurando aproveitar soluções emergentes para criar novos serviços, reduzir custos e aumentar a flexibilidade em seus ambientes globais de Data Center.

Por fim, embora as empresas possam não estar construindo fisicamente novos Data Centers centralizados, muitas estão atualizando suas instalações e, à medida que as empresas geram mais dados, elas procurarão realizar análises nesses dados, seja na nuvem ou em uma arquitetura híbrida.

Alinhado com a questão exposta, Marcos Siqueira, VP de Operações da Ascenty, explica que as principais mudanças no mercado devem implicar em um aumento significativo na demanda por capacidade de armazenamento e disponibilidade de informações. “Isso deve resultar em investimentos substanciais na expansão e modernização das infraestruturas de Data Centers na região. A adaptabilidade aos dados, a escalabilidade e a flexibilidade para atender às demandas específicas dos clientes serão fatores cruciais nesse processo de evolução”. Mas ele também prevê uma maior ênfase na capacidade de promover a eficiência energética e a sustentabilidade nas operações, refletindo a crescente importância da consciência ambiental no desenvolvimento de Data Centers.

Crescimento, sim, mas com desafios pendentes a enfrentar

Os números do último estudo realizado pela CBRE em seu “Global Data Center Trends 2023” mostram que havia 672 MW de estoque na América Latina no primeiro trimestre de 2023, principalmente no Brasil, México, Chile e Colômbia e indicam que várias situações estão ocorrendo na América Latina:

  • A região teve um crescimento significativo nos últimos três anos, com a oferta dobrando desde o primeiro trimestre de 2020.
  • As taxas de aluguel de colocation na América Latina estão aumentando pelo aumento da demanda por serviços de Data Center.
  • São Paulo lidera a região com 52,3 MW de disponibilidade de arrendamento no primeiro trimestre de 2023, contra 69 MW no primeiro trimestre de 2022. 70 MW estão disponíveis nos principais mercados (São Paulo, Santiago, Querétaro e Bogotá), que são distribuídos entre antigos e novos.
  • Pode ser difícil atender às demandas de organizações que exigem mais de 1 MW pelo espaço de locação limitado disponível em alguns países.

Os investimentos na região continuam em alta. Conforme indicado no “Snapshot Report Mexico Data Center Market 2023-2027” elaborado pela DCD, estimam-se 7,05 bilhões de dólares (34 bilhões de reais) em investimento direto até 2027, dos quais 3,09 bilhões (15 bilhões de reais) correspondem a investimento no processo de construção, enquanto os restantes 3,9 bilhões (19 bilhões de reais) são investimentos previstos e/ou anunciados.

As expectativas de crescimento são otimistas, mas em 2024 a indústria continuará a enfrentar vários desafios, como atrasos na rede de suprimentos, obtenção de capacidade energética, impulsionamento da sustentabilidade e falta de talentos especializados. Mas também há desafios tecnológicos no sentido de que os Data Centers devem fortalecer sua infraestrutura e estar preparados para atender à demanda futura para implantar soluções baseadas em IA em operações e negócios.

O que esperar dos principais mercados em 2024

Por falar em crescimento, em conversa com a DCD, Steve Sasse, diretor regional para a América Latina da Data Center Hawk, destacou que os cinco principais mercados – Santiago, São Paulo, Cidade do México, Querétaro e Bogotá – cresceram 40% este ano. Olhando para 2024, o especialista compartilha sua perspectiva para alguns desses mercados para ficar de olho:

  • Querétaro continuará a ser um mercado líder nas negociações. “A energia tem sido responsável pelo atraso de muitas das habilitações de Data Center em Querétaro e se isso avançar e um pouco de energia for obtida, até 2024 veremos um aumento substancial de novos Data Centers”. Além disso, destacou o apoio do Governo ao setor como um fator positivo para trazer novos investimentos e acredita que “veremos mais participação dos governos”.
  • São Paulo, o maior mercado, tem quase 300MW de capacidade. Sasse destaca que em breve “veremos mais Data Centers que serão comissionados, há 75W em construção e outros 380MW planejados (nem tudo planejado será habilitado em 2024, mas o que está em construção sim)”.
  • Bogotá é um mercado em que mais projetos serão vistos e em 2024 a construção começará a permitir a entrada de hiperescalas. “São 172MW de capacidade anunciada e 35MW de capacidade habilitada. Pode crescer pelo menos 4 vezes o que é hoje se tudo isso for feito”.

  • Lima: na capital peruana há baixa capacidade - 12MW habilitados - e, na opinião de Sasse, os Data Centers estão “muito cheios”. Embora anúncios como o da Cirion e ODATA tenham sido feitos, “provavelmente não crescerá como o restante dos mercados, embora exista uma necessidade de infraestrutura digital”.
  • Buenos Aires: depois das eleições em que Javier Milei foi eleito, o mercado argentino vai ser liberado, mas “não pode fazê-lo de um dia para o outro”, diz Sasse. No entanto, em 2024, haverá especialistas que começarão a analisar o mercado. “Não podemos esquecer que a terra e o preço da energia estão entre os mais baratos da região” e, embora preveja que a energia provavelmente subirá devido a todas as mudanças que virão para a economia, “se subir dos atuais 2 cêntimos por kW/h, para 5-7 cêntimos, continuará a ser um mercado interessante para as grandes empresas de hiperescala que consomem muita energia”.

Um 2024 cheio de projetos e investimentos