A AQ Compute, fornecedora de Data Centers de colocation pertencente ao Grupo Aquila, lançou nesta quinta-feira as obras de seu novo Data Center, que oferecerá 60 MW para atender à demanda por inteligência artificial. As instalações estão localizadas no Parc de l'Alba (Cerdanyola del Vallès), em Barcelona, onde a DCD esteve presente para acompanhar a inauguração da construção.

O terreno tem uma área total de 43.000 m² e se beneficia de uma ligação direta de fibra com a estação de aterragem de cabos submarinos em Barcelona. A AQ Compute planeja começar a operar seu novo campus até o final de 2025 e espera ter um faturamento de 70 milhões de euros (413 milhões de reais) por ano.

O Data Center teve o seu investimento inicial duplicado para mais de 600 milhões de euros (3,5 bilhões de reais), após duplicar a capacidade inicialmente prevista. Além disso, a expectativa é ampliar a oferta de 60 para 80 MW.

Com esse movimento, a empresa avança em sua estratégia de estar presente em cidades que não estão entre os FLAP (Frankfurt, Londres, Amsterdã e Paris). O plano é procurar oportunidades fora destes centros, sobretudo nos países nórdicos e na Península Ibérica, para oferecer serviços de colocation em estruturas que sigam esse modelo, com foco em IA e sustentabilidade e uma capacidade superior a 50 MW. A organização já está presente na Noruega, em que opera o AD-OSL1 em Oslo, com 10 MW de potência disponível e possibilidade de expansão para 50 MW.

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Henry Daunert, CEO da AQ Compute

Henry Daunert, CEO da AQ Compute, diz que será o primeiro Data Center de IA na Europa e explica as características de uma estrutura com esse tipo de abordagem:

“Os Data Centers convencionais são normalmente refrigerados a ar, e um Data Center de IA é tipicamente refrigerado a líquido. As densidades são diferentes em termos de potência por rack, e isso muda completamente a infraestrutura. Por exemplo, podem ser densidades de 40 a 50 kW por rack até 150 a 200 kW por rack. Isso é muito disruptivo quando comparado a um Data Center convencional, não apenas do ponto de vista do resfriamento, mas também do ponto de vista da fonte de alimentação. E isso também afeta as conexões, porque quando você pega, por exemplo, a arquitetura superpoderosa da NVIDIA, o número de conexões de fibra entre racks é absolutamente enorme. São mais de 5.000 conexões de fibra entre 10 racks”.

O projeto é modular, escalável e de acordo com os princípios de Tier III. As edificações serão feitas de concreto pré-moldado em maior escala do que o convencional. Cada prédio será independente e terá dois pavimentos com capacidade para 400 racks e 15 MW.

O campus de Barcelona prioriza a eficiência e a sustentabilidade, com recuperação e reciclagem da energia consumida, que é 100% renovável. Para minimizar o PUE, ele contará com resfriamento de ultra-alta densidade, juntamente com captura de calor via RDHX (Recirculating Door Heat Exchanger) e resfriamento líquido direto. Esse sistema aumenta a temperatura em que o Data Center pode operar, reduzindo os custos de resfriamento e o consumo de água. A empresa afirma que o desperdício de água será zero.

O objetivo da AQ Compute em seus projetos é atender às necessidades dos hiperescalas e grandes organizações que exigem ampla capacidade computacional e altos níveis de sustentabilidade.

A empresa chega a Barcelona motivada pelo crescimento projetado do setor na Espanha nos próximos anos. Enquanto a expectativa para os mercados FLAP é de crescimento em torno de 20% a 30% ao ano, Barcelona espera crescimento de 500% e Madri de 540%.

Carlos Cordón Núñez, prefeito de Cerdanyola del Vallès, destaca as possibilidades criadas pelo Parc de l'Alba: “Além dessa colaboração público-privada, deve haver colaboração entre as administrações, como temos entre a prefeitura e a Generalitat. O Data Center será um dos mais importantes do sul da Europa e estará em um espaço de oportunidades. Este é um ambiente em que estão sendo geradas muitas oportunidades que responderão às necessidades de toda a sociedade”.

O centro de formação, inovação e I+D

David Ferrer i Canosa, Secretário de Políticas Digitais da Generalitat da Catalunha, destaca a importância do parque tecnológico e da aproximação entre conhecimento e indústria: “O Parc de l'Alba é um espaço único em que projetos desse calibre estão sendo desenvolvidos, em que há uma infraestrutura científica e tecnológica de primeira classe. É a ponta de lança da pesquisa. Com a inteligência artificial, será capaz de contribuir para o avanço de desafios como doenças e mudanças climáticas. Um grande desafio que temos é integrar uma estrutura como essa com a universidade, com o conhecimento”.

Nesse sentido, a AQ Compute criará um centro de treinamento, inovação, pesquisa e desenvolvimento no campus. A intenção é oferecer um espaço de múltiplos usos para reunir organizações do setor, startups, institutos e universidades da região, aproveitando o ecossistema de tecnologia do Parc de l'Alba.

“Queremos capturar parte desse ecossistema ligado aos Data Centers e servir para a união de startups que estão desenvolvendo tecnologias relacionadas às infraestruturas de Data Center. Vamos criar laboratórios de desenvolvimento e espaços onde poderão ser realizados cursos de certificação e capacitação de profissionais”, explica Henry.

O lançamento de quinta-feira (27 de junho) representa o primeiro passo da empresa em sua ambiciosa meta de expansão para o sul da Europa. O campus é “o primeiro de vários que vamos construir na Península Ibérica”, diz Henry.

O segunda será ainda maior e já tem localização definida: Llescas, em Castilla-La Mancha, a 45 quilômetros de Madri. A iniciativa ainda está em fase de projeto, mas já tem o terreno de 16 hectares adquirido e oferecerá capacidade de 150 MW. Segundo a AQ Compute, a expectativa é iniciar a operação da fase 1 entre o final de 2026 e o início de 2027. A estrutura seguirá o mesmo conceito de um campus modular focado em IA e os mesmos critérios de sustentabilidade, além de ter um centro de treinamento, inovação e P+D.