O Ministério de Minas e Energia (MME) registrou um crescimento na demanda a partir de projetos de Data Center com processos abertos para acesso à Rede Básica em curso na pasta. Os pedidos para este segmento indicam uma demanda máxima que pode chegar 9 GW até 2035, considerando 22 projetos registrados nos estados de São Paulo, Rio Grande do Sul, Ceará, Rio Grande do Norte e Bahia. Em maio deste ano, as solicitações de acesso ao sistema de transmissão para data centers eram de 12 projetos, com uma demanda máxima de 2,5 GW até 2037, ou seja, um crescimento de 3,6 vezes no intervalo de apenas quatro meses.

O processo se inicia com o pedido ao MME para análise da proposta inicial de conexão, que atesta a solução de menor custo global. A partir desse aval do MME, o interessado pode iniciar o pedido de parecer de acesso junto ao ONS, etapa que antecede a assinatura do contrato de uso do sistema de transmissão.

“O crescimento do setor de Data Centers no Brasil demonstra nossa capacidade de nos consolidarmos como um hub tecnológico da América do Sul, impulsionado por um sistema elétrico robusto e predominantemente renovável. O MME, em conjunto com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), tem trabalhado para garantir que nossa infraestrutura elétrica acompanhe essa transformação digital, oferecendo condições ideais para novos investimentos”, avalia o ministro Alexandre Silveira.

O crescimento exponencial do segmento reflete a importância do país no cenário internacional como um potencial centro de processamento e armazenamento de dados. A atratividade do Brasil para investimentos em tecnologia eletrointensiva se deve, principalmente, à existência de um sistema elétrico robusto

“Essa infraestrutura energética confiável e sustentável torna o país um local ideal para a instalação de grandes projetos de data centers”, destaca Silveira. A expectativa é que essa tendência se mantenha, impulsionada pela demanda por serviços de nuvem, inteligência artificial, IoT e pela busca por locais estratégicos para a localização e tratamento de dados.

Ainda para 2024, a programação de estudos de transmissão da EPE prevê a emissão de novos relatórios que irão mostrar expansões adicionais que possibilitem a conexão de volumes maiores de demanda nas regiões candidatas a receber os projetos.

Atualmente, metade dos processos para acesso à Rede Básica de Data Centers do Sistema Interligado Nacional (SIN) já receberam portarias. Os outros ainda tramitam em etapas intermediárias de estudo e análise, em que é avaliado o ponto ótimo de conexão na rede, com base em critérios técnicos e econômicos.

Com a tendência de aumento nos investimentos digitais nos próximos anos, que vai demandar reforços no suprimento de energia elétrica, ganham importância os esforços do Governo Federal para o avanço de índices mínimos de eficiência energética para equipamentos e edificações. O MME publicou em fevereiro de 2024 a Resolução CGIEE nº 1/2024, que traz agenda regulatória relacionada a esse esforço, contribuindo para a preservação das redes elétricas nacionais e para reduzir a pegada de carbono do Brasil. 

De acordo com o secretário Nacional de Transição Energética e Planejamento do MME, Thiago Barral, o trabalho desenvolvido tem permitido adaptar as metodologias e perspectivas de planejamento da expansão do setor elétrico, para fazer frente às novas demandas e tecnologias que vêm surgindo. “O mundo tem aumentado de forma acelerada o volume de dados processados e isso pressiona a demanda por energia. E o Brasil, com seu grande potencial de energia limpa e renovável, tem atraído o interesse na implantação de data centers. Esse crescimento está aparecendo de forma nítida no nosso planejamento da transmissão”, aponta.