O planejamento de médio a longo prazo do uso do espectro da radiodifusão pode trazer vantagens importantes para o Brasil nos próximos anos. Essa foi a principal avaliação dos executivos da Huawei, Atilio Rulli e Marcelo Motta, no primeiro dia do Painel Telebrasil Summit 2023, evento da Conexis que acontece esta semana em Brasília.

“Pensar em 6 gigahertz hoje é muito importante. A melhor opção é planejar o uso de espectro e se preparar para o 5.5G e o 6G. O planejamento correto pode evitar alguns erros que outros países cometeram”, disse Atilio Rulli, vice-presidente de Relações Públicas da Huawei na América Latina, no debate “5G, conectividade e o potencial revolucionário para um desenvolvimento acelerado do Brasil”, no qual também participaram CEOs das operadoras Vivo, Claro, Tim e Oi.

O diretor de Cibersegurança da Huawei, Marcelo Motta, também reforçou essa preocupação. “A indústria de telecomunicações precisa de espectro para implantar novas e melhores redes. Sua administração correta é fundamental para fomentar a inclusão digital”, avalia.

5G e a privatização do sistema Telebrás

O evento fez um balanço dos 25 anos da privatização do sistema Telebrás, celebrado por operadoras e fornecedores como um grande sucesso. A Huawei, líder global de infraestrutura para Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e dispositivos inteligentes, também comemorou o marco, que coincide com os anos de sua atuação no Brasil.

“A Huawei vê a implementação do 5G de forma muito positiva. Segundo dados do portal da Anatel, o Brasil tem 92 mil estações radiobase e 16 mil delas já são de 5G, ou seja, quase 20% do total. Um número que só cresce desde a implantação há pouco mais de um ano”, afirmou Rulli.

Motta avaliou o avanço da inteligência artificial (IA) nos últimos meses. “A IA está cada vez mais presente no dia a dia. Isso se deve ao fato de que o setor de telecomunicações habilitou a transformação digital, impactando as redes que estão mais rápidas e com tempo de resposta ínfimo”, ressaltou. “Construir redes”, continuou, “é um dos pilares da sociedade digital e o investimento começa com elas”.

5G e as oportunidades de negócios

Há um consenso que diz que as redes móveis ímpares são mais focadas em mercados (B2B) e as pares mais no consumidor final (B2C). No entanto, Marcelo Motta fez uma avaliação positiva sobre a adesão do consumidor à nova tecnologia e ressaltou a importância do mercado oferecer celulares mais baratos e aumentar o alcance das redes.

“As operadoras que investiram fortemente em suas redes 5G e na migração dos usuários no último ano”, afirmou ele, “tiveram uma performance superior àquelas que não investiram tanto". “Atualmente, nos centros urbanos brasileiros, nós temos em média 20% de usuários já usando o 5G. A meta é alcançar 30%, o que começará a garantir o ROI”, explicou.

Nos próximos meses a iniciativa global de padronização 3GPP deve gerar os padrões para o 5G Advanced ou o 5.5G. “Essa geração intermediária vai nos preparar para a sexta geração de banda larga móvel. Ela será muito mais voltada para o B2C, diferente da atual. A Internet das Coisas (IoT) se tornará a inteligência das coisas e várias aplicações novas vão surgir”, explicou Rulli.

“Existe um grande mercado 5G no Brasil”, acrescentou Motta em sua palestra. “Só no serviço público, como comentado, são 119 mil escolas e mais de 23 mil postos de saúde com necessidade de conexão”, informou. “Uma das maiores expectativas são as redes privativas. Com elas, as operadoras oferecem um conjunto de soluções muito além do sinal de internet, como computação em nuvem, serviços de operação e aplicações”, disse.

“As operadoras precisam trabalhar em conjunto com as verticais e ajudar a replicar os cases de sucesso. Há muitos no mundo atualmente nas áreas de agricultura, mineração, portos, saúde, transporte, logística com ganhos claros de eficiência, competitividade, produtividade, inteligência, segurança e eficiência energética”, afirmou Motta. “O esforço pela transformação digital deve ser de todos”, disse.

O desafio da capacitação de mão de obra

Segundo dados da Brasscom, até 2025, haverá uma demanda de 797 mil profissionais capacitados para absorver as demandas dos novos serviços de telecomunicações no Brasil. “Inteligência artificial, internet das coisas, uso massivo de cloud computing, rapidez e altas demandas são apenas alguns dos desafios que necessitam de novos talentos”, avaliou Rulli.

“Para a Huawei, a capacitação para o ecossistema é fundamental para a transformação digital. Nos últimos cinco anos, nós treinamos 36 mil profissionais e queremos dobrar esse número nos próximos cinco”, informou Rulli.

“Entendemos que fomentar a capacitação é um papel do ecossistema como um todo, não só do poder público. Nós temos vários programas; um deles é o Huawei ICT Academy, com mais de 200 universidades brasileiras parceiras e que inclui estudantes de todo o país. O Brasil demanda por maior oferta de mão de obra e o nosso papel é tentar capacitar o maior número possível de pessoas”, afirmou.