Na última década, a tecnologia passou de coadjuvante para uma área estratégica e de grande impacto para as empresas, mas fato é que as faculdades não formam profissionais na mesma velocidade de crescimento do setor de data center. Além disso, os profissionais demandados pelo setor necessitam ter conhecimentos que não são adquiridos durante um curso regular de engenharia, isto é o que afirma a maioria dos gestores de data center do país.
Para Alexandre Kontoyanis, gerente regional de Engenharia do Grupo GPS, a melhor forma de se manter com uma boa equipe é as empresas se preocuparem com aspectos que envolvem a qualidade de vida (tanto no trabalho como fora dele), esse profissional não terá motivo para se manter ali.
“Dada a escassez de mão de obra, existe um assédio constante aos bons profissionais e, frequentemente, com propostas financeiras melhores. O atual cenário político de instabilidade no país acaba por incentivar grandes talentos a buscarem desafios fora do país. Entretanto, a alta procura tem deixado os salários dos bons profissionais competitivos com relação ao exterior”, avalia ele, ressaltando que, a formação dentro da empresa é uma boa saída para a crise de talentos. Entretanto, exige um alto investimento em formação e que, se não acompanhado de outras coisas que permitam bem-estar e equilíbrio entre a vida profissional e pessoal, a empresa estará formando pessoas para os concorrentes.
Fernando Santos, Prodcut Manager da CloudHQ, reforça que atualmente há pouca disponibilidade de profissionais no mercado. “Caso a empresa não tenha uma boa estratégia de outsourcing, vai sofrer com a falta de colaboradores qualificados”. Para ele, é necessário trabalhar desde a base, criando cursos técnicos, de extensão e pós-graduação que promovam intercâmbio com as empresas; treinamentos in-company; planos de formação que coloquem profissionais juniores trabalhando junto aos seniores; e o básico que são as políticas de bonificação por resultados e um mapa da caminhos de carreira bem claro, com regras bem definidas.
Paulo Henrique Ferreira, CEO da Com4, avalia que entender caraterísticas geracionais é desafiador para os gestores. “Temos que acompanhar as mudanças também dos consumidores e ao mesmo tempo lidar com os conflitos de gerações. A geração Z ou “nativos digitais” estão chegando no mercado cheios de ideias e ideais, porém muito pouco operacional e executoras. Cabeças extremamente criativas porém pouco engajadas no dia a dia das empresas e nos processos e cultura”, destaca ele, acrescentando que reter talentos, com a velocidade das mudanças tecnológicas sempre será um desafio. “O segredo é trabalhar com criatividade, inovação e incentivo. No caso da Com4 Data Center, estamos no processo, nos engajamos nas faculdades de tecnologias locais, fazemos visitas monitoradas na empresa, levamos palestras a sociedade em geral. Para que os jovens encontrem no nosso ambiente, uma empresa que valoriza o bem-estar das pessoas, tanto físico como emocional, temos programas de saúde, de desenvolvimento e treinamentos, programas de benéficos e remuneração”, completa.
"De modo geral as empresas têm investido em fortalecer sua proposta de valor para as pessoas. E isso vai além do salário. Na SONDA sabemos que para atrair e reter os melhores talentos temos que ter uma proposta de valor atrativa não só em termos de remuneração, mas também na oferta de um ambiente de trabalho que valorize a flexibilidade, a diversidade e inclusão, a qualidade de vida (Wellness), o aprendizado contínuo, o desenvolvimento profissional, entre outros temas. Este salário emocional é o que gera conexão e trabalho por propósito. Na SONDA, nosso objetivo é ter pessoas alinhadas e preparadas para os desafios atuais e futuros da organização. Assim, temos trabalhado no Upskilling e Reskilling dos nossos colaboradores, com o objetivo de expandir os conhecimentos e competências relevantes para o mercado. Nosso foco está nas habilidades que precisaremos no futuro", conta Eduardo Costa, Head de Tecnologia | CIO da Sonda.
Fatores que permeiam o atual cenário laboral de TI, como investir em certificações, treinamentos especializados, plano de carreira e uma carga de trabalho que permita equilíbrio entre vida profissional x vida pessoal serão analisados pelos especialistas, além de conhecimento técnico específico do ramo, quanto habilidades comportamentais. Após dois anos sendo realizado de modo virtual, o DCD>Connect retorna a São Paulo, como evento presencial. O painel que tem como título: “ Talentos: que estratégias devemos criar diante da escassez de profissionais na indústria de Data Center no Brasil?", será realizado presencialmente, no Hotel Transamérica, no dia 7 de novembro, às 17:00.