Carlos Alberto Silva, Gerente de Operações de Data Center da Embratel, foi um dos participantes do DCD>Connect São Paulo, principal evento da indústria de data centers, que aconteceu nos dias 7 e 8 de novembro no Sheraton São Paulo WTC Hotel. Ele participou do painel "Modernização: Como manter um Data Center na Vanguarda da Infraestrutura de TI?", ao lado de outros especialistas da indústria. Para aprofundar sobre a temática, DCD entrevistou Carlos Alberto durante o evento. Confira!

Quais são os principais desafios ambientais enfrentados pelos Data Centers no Brasil, e como podemos abordá-los de forma eficaz para alcançar a neutralidade de carbono?

Na Embratel, temos como uma das premissas para nossos data centers tratar de forma sustentável toda a infraestrutura, indo de ponta a ponta e analisando a qualidade das instalações e necessidade de novos devices, que tenham baixo consumo energético, por exemplo, a contratação de energia limpa e sustentável, além do reaproveitamento e captação de água para reuso, para garantir que tudo seja utilizado com máxima eficiência diante de cada cenário e iniciativa.

Nós trabalhamos com uma gestão inteligente, que considera uma melhoria contínua nos nossos Data Centers, manutenções preventivas e preditivas, e sistema automação e controle. Por conta disso, em 2016, a Embratel conquistou a certificação CEEDA (Certified Energy Efficiency in Data Centres Award) pela sua atuação com eficiência energética no Data Center Lapa, localizado em São Paulo.

Além disso, em um aspecto geral, data centers têm como missão garantir a disponibilidade dos serviços digitais. Para conseguirem cumprir o seu papel com eficiência, os data centers consomem muitos recursos, principalmente energia elétrica e água. Por essa razão, os data centers brasileiros têm pela frente grandes responsabilidades e desafios na busca da sustentabilidade. É preciso adotar medidas que reduzam o impacto ambiental e a busca pela neutralidade de carbono.

Os principais desafios passam por:

  • Redução do consumo elétrico e o aumento da eficiência energética (PUE);
  • Gestão do consumo de água, com mínimo desperdício e adoção do reuso (WUE);
  • Redução da emissão de gases de efeito estufa e a busca da neutralidade de carbono (CUE);
  • Adoção de novas tecnologias de resfriamento que não dependam exclusivamente da água (free cooling, refrigeração por imersão em líquido)
  • Utilização de fontes de energia limpas e renováveis (eólica, solar);
  • Redução da geração de resíduos e do descarte indevido;
  • Adoção de materiais reciclados ou biodegradáveis nas instalações;
  • Adoção de equipamentos mais eficientes no piso cinza e no piso branco;
  • Evolução do monitoramento da infraestrutura crítica com adoção da Inteligência Artificial e da automação;
  • Compensação de emissões de carbono por meio da redução das emissões e compensação das emissões.

Na Embratel, temos uma gestão de data centers que considera todos esses pontos para termos operações cada vez mais sustentáveis.

Como as práticas operacionais sustentáveis podem ser integradas de maneira eficiente e eficaz nos Data Centers do Brasil?

A sustentabilidade é o grande desafio e um tema de extrema importância para os data centers, principalmente no Brasil, país líder em data center na América Latina. Existem diversas estratégias para integrar práticas sustentáveis nas operações de data center, das quais podemos destacar:

- Otimização do uso de energia e refrigeração através da adoção da Inteligência Artificial, da automação e de técnicas de resfriamento mais eficientes para o aumento da eficiência energética;

- Adoção do uso de energias renováveis e de fontes de energia limpa, como a solar e a eólica;

- Gestão adequada dos resíduos eletrônicos com a reciclagem de equipamentos antigos e o descarte correto dos resíduos;

- Adoção de normas e práticas padronizadas e certificadas (LEED, ISO 14001, CEEDA);

- Adoção da diversidade e da inclusão, com equipes multidisciplinares, para promover um ambiente de trabalho mais inovador, com diferentes perspectivas e habilidades complementares, que propiciarão um ambiente mais produtivo e criativo na resolução de problemas.

Quais tecnologias inovadoras estão disponíveis para reduzir as emissões de carbono nos data centers brasileiros?

A indústria de Data Center desenvolveu várias tecnologias inovadoras e que podem contribuir na redução das emissões de carbono, como:

- Sistemas de refrigeração eficientes (free cooling, refrigeração por imersão em líquido);

- Uso de energias renováveis e fontes de energia limpa, como a solar e a eólica;

- Inteligência Artificial, Machine Learning e automação;

- Designs modulares como uma forma de construir e expandir data centers de maneira rápida, flexível e customizada;

- Computação em nuvem e virtualização de servidores, que reduzem a quantidade de servidores físicos e otimiza o uso dos recursos, reduzindo o consumo de energia e refrigeração.

Como a indústria de Data Centers no Brasil pode liderar a transição para uma infraestrutura digital mais verde e alinhar-se com as metas globais de sustentabilidade?

A Embratel acredita que o Brasil, na posição de maior mercado de data center da América Latina e com seu destaque nas ações globais em relação ao enfrentamento da crise climática, pode liderar a transição para a sustentabilidade e a contribuição para as metas mundiais de limitação dos fatores que geram as mudanças climáticas.

Além disso, a matriz energética brasileira possui grande percentual composto por energias renováveis, o que torna o país um destino atrativo para novos Data Centers, que buscam a redução da pegada de carbono.

Aliado a estes fatores, diversas ações podem ser adotadas para gerar impactos positivos na redução dos gases de efeito estufa, como investir em tecnologias mais eficientes e sustentáveis; buscar fontes de energia renováveis e limpas; adotar práticas operacionais sustentáveis; estabelecer parcerias sustentáveis; promover a educação, a conscientização e a mudança de mentalidade; implementar políticas de sustentabilidade; e contribuir com a revisão ou mesmo a criação de legislação específica que regulamente práticas sustentáveis.