O Stuxnet, um vírus de computador que teve como alvo a infraestrutura nuclear do Irã em 2010, marcou um momento crucial na história da segurança cibernética. Esse evento trouxe uma nova era de ataques cibernéticos que, inicialmente, concentraram-se em ambientes tradicionais de TI. À medida que o cenário de ameaças evoluiu, os criminosos passaram a visar os ambientes de Tecnologia de Operações (TO) como um novo alvo.

Isso faz sentido. Muitas estimativas nos dizem que a segurança dos ambientes de TO está 25 anos atrás da segurança de TI. O Stuxnet explorou o falso conforto da "rede desconectada" (computadores que não estão conectados à internet ou a qualquer outro sistema que se conecta à internet) e vimos um rápido aumento ao longo do último ano, em ataques cibernéticos em sistemas de TO que utilizam táticas semelhantes. Em uma nota técnica recentemente divulgada, a Agência de Segurança Cibernética e Infraestrutura (CISA) dos Estados Unidos destacou a realidade das ameaças de ransomware em 2021, em relação aos ativos de TO e sistemas de controle industrial. "Dada a importância da infraestrutura para a segurança nacional e o modo de vida dos EUA, os ativos de TO acessíveis são um alvo interessante para os agentes cibernéticos mal-intencionados", diz a CISA.

Os criminosos não estão mais focados em um setor específico. Os ataques cibernéticos à SolarWinds afetaram pelo menos 100 empresas privadas e nove agências governamentais. Essa brecha em um sistema hídrico da Flórida, nos EUA, impactou 15.000 moradores da cidade. O recente ataque à Colonial Pipeline forçou a interrupção do maior oleoduto de combustível dos EUA. Esses casos fornecem um indício preocupante de como os ataques cibernéticos podem causar interrupções onerosas em operações essenciais de infraestrutura e efeitos em cascata desastrosos para a economia. À medida que as empresas avançam e automatizam a infraestrutura de TI, a defasagem de segurança entre os sistemas de TI e TO torna importante que os provedores de infraestrutura adotem medidas intensas e proativas.

De acordo com um estudo da Claroty, 56% dos profissionais de segurança de TI e TO do setor industrial relataram um aumento nas ameaças à segurança cibernética desde o início da pandemia, e 70% observaram criminosos cibernéticos empregando novas táticas. Para que as organizações de infraestrutura protejam efetivamente a si mesmas e seus clientes, elas devem adotar uma abordagem multifacetada.

Existem cinco aspectos da segurança cibernética a serem considerados:

Higiene cibernética

Uma boa higiene cibernética para a TO é semelhante à TI. Controles de segmentação, patching de firmware/software, autenticação multifator (MFA), gestão de senhas e de ativos são importantes para proteger os ambientes de TO. Também é importante entender o problema e ter conhecimento das muitas maneiras que a sua empresa pode estar vulnerável a um ataque. Em um cenário de ameaças em constante mudança, as empresas e as agências governamentais devem ser proativas na coleta de informações sobre os ataques recentes e na comunicação dessas informações.

Colaboração

A colaboração é o segredo para combater o crime cibernético. A recente ordem executiva do presidente dos EUA, Joe Biden, sobre melhorar a segurança cibernética do país e a cúpula cibernética relacionada confirmam que até mesmo o mais alto nível de governo concorda com essa política.

Educação

Pesquisadores da Universidade de Stanford e de uma organização de segurança cibernética descobriram que aproximadamente 88% de todas as violações de dados são causadas por erro humano. É fundamental que os seus colaboradores entendam que a segurança é uma responsabilidade compartilhada e como podem colocar a empresa em risco.

Tecnologia

Ao investir em tecnologia para prever, prevenir ou minimizar os ataques, os seus investimentos em tecnologia devem estar bem alinhados com as necessidades futuras da empresa. Preveja o futuro, entenda os riscos e invista em conformidade. O custo dos danos globais de ransomware devem ultrapassar US$ 265 bilhões até 2031; portanto, invista de forma prudente.

Eficiência operacional

À medida que fizer investimentos em tecnologia, certifique-se de trabalhar em estreita colaboração com as partes interessadas para que você entenda o impacto de suas decisões sobre as unidades de negócios e elas entendam a urgência em proteger dados e aplicações. A caça proativa de ameaças e o gerenciamento de vulnerabilidades são importantes operações de segurança para priorizar a mitigação de riscos. Essas operações vitais devem ser executadas de forma colaborativa e uma compreensão abrangente das dependências ajudará a aumentar a eficiência operacional e diminuir o tempo de resposta a um ataque.
As organizações que hospedam infraestrutura crítica têm uma grande responsabilidade, não apenas para com seus acionistas, mas também para com as comunidades que atendem. O panorama da segurança cibernética se torna ainda mais complexo quando cruza os ambientes de TI e TO. Com consciência, colaboração, educação, eficiência operacional e a tecnologia certa, você pode minimizar o impacto de ameaças crescentes à segurança.