Odair Ribeiro
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Odair Ribeiro, Senior Hyperscaler Global Account Manager da Cirion Technologies, será um dos participantes do evento DCD>Connect São Paulo, que ocorre nos dias 7 e 8 de novembro no Sheraton São Paulo WTC Hotel.

Ele participará do painel: "Como superar os desafios da conectividade óptica nos data centers diante do crescimento acelerado de novas aplicações (AI, 5G, IOT)?", no dia 7 às 18 horas. Poucos dias antes do evento, DCD conversou com Ribeiro sobre a temática. Confira!

Como a explosão das aplicações de IA, 5G e IoT está impactando a demanda por conectividade óptica nos Data Centers, e quais são os desafios mais importantes que isso cria?

No Brasil, um país continental, tais demandas são um enorme desafio de investimento. Onde focar o investimento de maneira a atender a demanda, e, ao mesmo tempo, não deixar clientes sem atendimento?

Atualmente temos uma concentração muito grande de Data centers na região de São Paulo o que facilita a entrega do tráfego vindo do 5G (temos poucos hops desde a origem, que fortemente está em SP, até o destino Data center).

O que acontece é que, em regiões distantes desses grandes centros, os clientes sofrem com a latência mais alta, e muitas vezes o gargalo nas redes de celulares (interligações das CCCs com a torres). Temos que começar a dar vazão à internet diretamente nas torres com alta demanda de tráfego, de maneira a acabar com a centralização de tráfego antes de chegar no DC, mas aí entram os temas de segurança que podemos analisar depois.

O desafio maior vai ser a expansão de quantidade de Data Centers Edge, para entregar uma experiência melhor aos clientes que não estão próximos aos grandes centros no Brasil e também atender às novas aplicações supersensíveis a latência e/ou com grande volume de dados coletados.

Qual é a importância da latência na conectividade óptica em Data Centers, especialmente em um contexto de 5G e IoT? Quais estratégias estão sendo adotadas para minimizá-la?

Ainda temos poucos Data Centers Edge, com isso temos uma latência mais alta em certas regiões (aqui no Brasil, estamos falando de uma latência de 45ms entre São Paulo<> Fortaleza, sem falar no tráfego internacional). Por enquanto as aplicações suportam esse tipo de “delay”, mas com o avanço de aplicações que demandam interação, isso vai ser muito crítico (exemplo Metaverso, IA, carros inteligentes1, etc).

A solução é distribuir os data centers Edge no país, para que no mínimo consigamos processar os dados localmente (oriundos do 5G e IoT), já que as máquinas de IA vão estar concentradas em grandes centros de dados, normalmente em São Paulo (dado a complexidade desse tipo de Data Center). Com isso, temos de ter links de maior capacidade, por exemplo, múltiplos de 400G, entre esses sites mais distantes, e fibra apagada entre os mais próximos, aqui falo atender volume de dados e não latência (que depende da distância entre os pontos). Digo isso como primeiro passo, porque os volumes de transações crescem rapidamente e também mudam, de região a região, de acordo com a concentração de clientes em cada lugar, por exemplo, com eventos grandes ou congressos, etc.

Já o tema latência, a solução é diminuir a quantidade de Hops que os pacotes necessitam para chegar até o servidor IA. Podemos prover conexão direta a internet para as torres de celular, mas isso não é uma solução simples, nem segura. O desafio é ter pontos de troca de tráfego bem distribuído de acordo com a densidade de clientes na região e garantir que todos os atores tenham soluções de segurança alta, já que o switch pode ser afetado por qualquer lado.

Outro ponto interessante é falar dos “Campis”, onde entendo que não são só um parque com muitos edifícios de Data Center, mas sim, um ambiente onde agrego esses provedores de nuvem, e também os clientes que não são hyperscaler e que fazem parte do ambiente IA (ponho aqui o exemplo de provedores de blockchain, segurança, etc), além de fornecer espaço para os provedores de aplicações que usam o IA como ferramenta e que atender o cliente final. Junto com tudo isso, esses locais devem ser POPs “Carrier neutral” para conectividade e também devem possuir Peering de IP com muitos provedores de acesso à internet, para que o cliente final chegue “rapidamente” ao centro de processamento. Veja que aí sim, temos um ambiente onde o tráfego do cliente final (5G, IoT) podem chegar, ser totalmente processado e entregue, sem grandes altos de conexão IP. Olhando o Brasil como um todo, voltamos ao ponto-chave, o investimento versus retorno, o apetite empresarial de criar esses centros em todo território nacional, a conta é complicada de fechar.

Depois podemos falar da mesma problemática quando olhamos para LATAM, onde posso adicionar maior peso a latência e também a mão de obra qualificada e bilingue.

Carros inteligentes, para mim, são os que ainda virão, que são carros que geram informação e distribuem, por exemplo, ao passar em um buraco ele avisa o sistema, para que o carro que vem logo atrás, possa desviar. Estamos falando de latência muito baixa, entre gerar a informação e recebê-la para atuar (lá no segundo carro).

Quais inovações em tecnologia óptica estão surgindo para atender às crescentes demandas de largura de banda e escalabilidade nos Data Centers?

Não vou comentar aqui a estrutura de entrada dos Data Centers, quero focar na rede pública, já que muitos falam de orquestração de rede, mas no final do dia, temos que olhar a camada 1, que é a conexão física entre os sites, os cabos nas ruas.

Passamos por temas como diversidade de fibras (ponho como exemplo a conexão Rio <>São Paulo, só para deixar mais simples o entendimento do problema, ou seja, como ter rotas diversas, ou seja, por caminhos diferentes, mas com latências parecidas? ).

Olhando para a rede de suporte das conexões entre os Data Centers, claramente a rede de fibra exige um investimento muito alto e que só vai acontecer depois da definição/entrega dos DCs origem e destino. Depois o mercado espera para saber quanto de demanda eles vão ter. Assim, desenvolvem seus projetos de fibras e partem para aprovação de budget. Com a verba partem para execução que levam muitos meses. É aqui que levam vantagem as empresas que possuem os dois serviços, já que podem colocar os dois planos de negócio em sincronia e entregar um Data Center já conectado, pois já tem a visão da demanda dentro desse plano.

No Brasil, já estamos falando de conexões em Spectrum, não só na rede metropolitana como nos sistemas internacionais, dando ao cliente final (o Data center hyperscale) a capacidade de gerenciar seu uso de banda, tendo uma adaptação rápida às novas demandas e/ou na redistribuição de processamento em caso de falhas.

Quais são os principais desafios de segurança associados à conectividade óptica em Data Centers, especialmente em um ambiente de IoT? Quais soluções estão sendo exploradas para mitigar esses riscos?

Segurança não é minha especialidade, mas vejo muitos casos de ataques aos IoT e aos gerenciadores de rede, além é claro, das falhas (seja operacional, ou seja, física) dos equipamentos que fazem a orquestração da rede. Veja que sempre vamos ter pontos que podem influenciar/afetar a rede em caso de falhas ou ataques.

Digo isso desde antes de 2000, quando trabalhei diretamente na origem do serviço internet no Brasil, e por muitas vezes conversando com “Hacker do Bem” que nos mostravam o tamanho do problema, ou seja, qualquer coisa que fazíamos para proteger, eles também podiam fazer caso tomassem o controle da máquina, o que era o mais comum de acontecer, ou seja, o desafio de estar monitorando tudo o tempo todo é enorme.

Por isso que o mercado de segurança avança rápido e demanda profissionais capacitados, com DNA para inovação. Porque esperar o mercado lhe entregar a “vacina” pode ser tarde demais. Você tem que ser protagonista da sua segurança e focar em buscar, o tempo todo, entender onde pode ter falhas e corrigir, sempre tendo em mente que o invasor vai tentar de tudo o tempo todo.