Nos próximo cinco anos, cerca de 800 mil novos postos deverão ser criados no setor de Tecnologia da Informação (TI) do Brasil, mas o sistema educacional brasileiro só consegue formar, anualmente, 53 mil profissionais com habilidades em tecnologia, de acordo com dados da Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação e de Tecnologias Digitais (Brasscom). É o que aponta o VP de Gente e Gestão da Scala Data Centers, Leandro Sulinscki.

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Leandro Sulinscki

A DCD conversou com Sulinscki sobre quais estratégias devem ser criadas para combater esse gap de talentos e quais novas habilidades devem ter os profissionais de Data Centers, com a chegada das novas ferramentas de Inteligência Artificial.

Confira a entrevista!

Qual é o perfil do profissional da indústria de Data Center hoje? Existe um plano de treinamento? O que eles estão estudando?

Nós somos uma companhia com um pouco mais de 2,5 anos e cerca de 700 colaboradores, em um ritmo de crescimento acelerado na América Latina. Além disso, tomamos a decisão de internalizar diversas especialidades para ter maior autonomia e flexibilidade em áreas que são vitais para suportar o nosso crescimento como Real Estate, Arquitetura e Design, Projetos de Engenharia, Gerenciamento de Construção, Comissionamento, etc. Então, buscamos múltiplos perfis de acordo com a necessidade de cada especialidade, mas que tenham em comum uma excelente capacidade de trabalhar de forma integrada com outras áreas.

Além disso, também buscamos profissionais com experiência e background nas mais diversas indústrias, uma vez que essa experiencia diversificada nos ajuda na inovação de processos e no aumento da eficiência geral. As áreas de atuação que temos contratado é variada, incluindo as engenharias clássicas civil, mecânica e elétrica, técnicos eletricistas, mecânicos e de construção, projetistas, especialistas em automação, segurança do trabalho, além de todas as áreas tradicionais de backoffice como suprimentos, finanças, recursos humanos, jurídico, entre outras.

O capital humano é fundamental para a Scala e, por isso, entendemos que é nosso papel formar e capacitar profissionais, tendo em vista o modelo de construção e operação de Data Centers hyperscale no qual nos especializamos na América Latina. Para atender essa necessidade, criamos o Centro de Excelência em Engenharia (CoE), com mais de 190 engenheiros e demais profissionais, além de ferramentas e metodologias próprias para desenvolver soluções que garantam a implementação de Data Centers com o máximo de eficiência energética e hídrica. A companhia também busca talentos em outras indústrias, com experiência em engenharia, e os capacita para trabalhar no setor de Data Centers.

Todas as iniciativas de treinamento e desenvolvimento são consolidadas na Scala Academy, que está organizada nos seis pilares temáticos de Liderança, Negócios, Cultura, Formação Técnica e Soft Skills.

Como analisa a escassez de talento na indústria de Data Center?

Há um gap de talentos em tecnologia de forma geral e na indústria de Data Centers em especial, por ser um segmento ainda mais específico. Segundo dados da Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação e de Tecnologias Digitais (Brasscom), cerca de 800 mil novos postos deverão ser criados no setor de TI do Brasil nos próximos cinco anos, mas o sistema educacional brasileiro só consegue formar, anualmente, 53 mil profissionais com habilidades em tecnologia. Assim, calcula-se que ao final desse período haverá um déficit de 532 mil pessoas para atuar na área.

Quais estratégias devem ser criadas para qualificar e investir nos profissionais de centros de dados?

A Scala acredita que a educação é transformadora. Por isso, ela está no centro da nossa estratégia de atuação, sendo essencial para os investimentos que fazemos em qualificação e retenção de talentos, bem como para beneficiar a sociedade ao contribuir para a formação de profissionais qualificados e para a melhoria da sociedade como um todo.

Essa é a base do nosso Programa de Formação de Engenheiros, que hoje concede 52 bolsas de estudos integrais de bacharelado em engenharia elétrica, mecânica e Civil para jovens em situação de vulnerabilidade social. Em 2023, o Programa chegará a 100 bolsas e a cada 1MW que a Scala comercializar, será concedida uma nova bolsa de estudos para a comunidade do entorno do Data Center no qual tenha sido realizada a venda. Por meio desse projeto, os jovens têm a oportunidade de concorrer a estágios e atuarem na companhia, além de serem preparados para desenvolver as suas carreiras profissionais no segmento de Data Centers.

A Scala ainda desenvolve programas de aceleração de carreiras e proporciona um ambiente com oportunidades de crescimento profissional real devido à forte expansão dos negócios. Como uma plataforma latino-americana, também desenvolvemos um programa de treinamento em formato de imersão, onde todos os colaboradores da América Latina passam três meses na sede da empresa, participando de treinamentos técnicos de operação e em contato direto com a nossa cultura de excelência, para garantir a mesma qualidade de serviços em todas as localidades onde temos operação.

Finalmente, completamos a nossa estratégia de atração e retenção de talentos, com um pacote de benefícios acima do padrão do mercado. E com uma remuneração variável extremamente agressiva, conectada com a nossa cultura de resultados e meritocracia.

Com o advento da Inteligência Artificial e das ferramentas de automação, quais habilidades os trabalhadores de Data Centers precisarão desenvolver nos próximos anos?

A indústria está atenta ao uso de Inteligência Artificial, em especial para o desenvolvimento de ferramentas de automação com o objetivo de trazer mais eficiência para as operações. Todas as novas tecnologias sempre consideradas na busca para atender e antecipar as necessidades dos nossos clientes.

Essas tecnologias são muito importantes para trazer mais qualidade, segurança e eficiência para as operações, além de ajudar a reduzir os riscos que são inerentes às operações de empresas do setor. Com isso, os profissionais de Data Centers nos próximos cinco anos certamente precisarão estar aptos a aplicar e lidar com elas. Na Scala, isso já é feito pelo Centro de Excelência em Engenharia (CoE), responsável por desenvolver soluções que garantem a máxima eficiência energética e hídrica em data centers e o melhor aproveitamento construtivo de terrenos, com a maior densidade do mercado em MW por metro quadrado.

Outra habilidade que será cada vez mais buscada é a de construir data centers eficientes e com o menor impacto ambiental, pois essa é uma exigência que está se consolidando no nosso setor. A aplicação de recursos para economizar água e energia em Data Centers, bem como ter talentos dedicados às áreas de ESG e EHS com a devida especialização, são essenciais para manter estruturas mais inteligentes, com otimização de custos, tempo e recursos.

Com isso em vista, a Scala investe muito em educação para preparar profissionais com esse perfil. Além do Programa de Formação de Engenheiros, somos parceiros da Infrastructure Masons (iMasons) e líderes do Capítulo Brasil da entidade, uma iniciativa inédita na América Latina. Um dos principais objetivos dessa atuação conjunta é promover capacitação de mão de obra com o compartilhamento de experiências em formação profissional, educação e inovação entre stakeholders, comunidade da infraestrutura de TI, parceiros e empresas do ecossistema do Brasil e de outros países.

As novas ferramentas de automação, robótica e Inteligência Artificial são uma ameaça para os trabalhadores dos Data Centers?

Como abordado na questão anterior, acreditamos que a sinergia entre essas tecnologias e o capital humano qualificado é essencial para manter o crescimento constante do setor de Data Centers. Assim, entendemos que a adoção dessas ferramentas é uma oportunidade para o aprimoramento do mercado como um todo.

Como a inovação é transversal na Scala, permeando todos os seus processos e operações, aplicar novas ferramentas de automação, robótica e Inteligência Artificial é um caminho natural. No entanto, esse processo necessita de profissionais altamente qualificados e aptos a trabalhar com projetos cada vez mais complexos.