Patricia Mazzonetto, Dedalus
– Foto: Patricia Mazzonetto, Dedalus

O mercado de computação em nuvem (cloud computing, em inglês) está em uma constante crescente nos últimos anos no Brasil e no mundo. Para além dos efeitos da pandemia de Covid-19, todos os segmentos da indústria têm sido impactados em alguma medida pelo avanço das novas tecnologias e, com elas, o avassalador aumento na geração de dados e necessidade de armazenamento dessas informações. É a partir desse contexto, que empresas de todos os tamanhos se veem impulsionadas a estarem no ambiente de nuvem para que tenham uma estrutura segura e resiliente para suportar o grande tráfego de operações.

De acordo com um relatório da consultoria International Data Corporation (IDC), apenas no Brasil, o volume total de investimentos em nuvem deve chegar a R$ 1,5 bilhão em 2024. No entanto, se por um lado nos deparamos com uma seara fértil de investimento em tecnologia, por outro, faltam profissionais especializados em cloud que atendam à grande demanda do mercado.

Segundo a Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação e de Tecnologias Digitais (Brasscom), o Brasil tem um déficit estimado de 200 mil profissionais do setor de TI. Para este ano, a expectativa é que cerca de 420 mil novas vagas sejam criadas. Um levantamento, feito também pela IDC, indicou que o cenário se repete em outras regiões do mundo: a falta de pessoas qualificadas para serviços de nuvem é um problema para 70% dos mais de 600 líderes de TI de empresas de diversos segmentos consultados na América do Norte e na Europa.

É nesse ponto em que o departamento pessoal das empresas de TI tem um grande desafio. Com a alta procura por serviços em nuvem, as certificações de competências em cloud computing passaram a ser um diferencial no currículo. Ainda que os profissionais se atualizem e se especializem constantemente, a oferta não consegue acompanhar a demanda; a conta não fecha.

Como resultado da deficiência de profissionais capacitados, as equipes acabam por ficar sobrecarregadas. E, ainda que o time esteja completo, estamos falando de um mercado em que a rotatividade de talentos é bastante alta.

Diante desse cenário, cabe a nós, que atuamos com gestão de pessoas, pensarmos estrategicamente em soluções que sanem essa lacuna. Entre as iniciativas, está o investimento no aprimoramento das habilidades de profissionais que já estão na casa, com oferta de cursos, certificados e auditorias; retenção de talentos com melhores ofertas de benefícios, remuneração e modelos de trabalho; e, também, claro, a atração de novos talentos.

Não há dúvidas de que essas ações são básicas em qualquer ambiente de trabalho. A felicidade dos colaboradores depende do quão bem eles se sentem em fazer parte de uma empresa. Mas, no caso de profissionais especializados em cloud, a equação é mais complexa, já que estamos falando de cifras e números altos quando o assunto é demanda, mas temos uma realidade de carência de pessoal que é muito difícil de ser resolvida em um curto período.

Gostaria de poder apresentar a solução para esse dilema. Mas enquanto não chegamos a um consenso, acredito que o mais eficiente seja as empresas continuarem a valorizar seus talentos, ao passo que, em parceria com instituições de ensino e organizações do setor, invistam na formação das gerações futuras. O que podemos avistar, sem dúvida, é que o presente e o futuro são na nuvem, e muita gente precisa estar preparada para estar ali.