O DCD>Connect São Paulo acontece nesta terça-feira (7) e quarta-feira (8), no Sheraton São Paulo WTC Hotel, reunindo a mais de 1.500 executivos da cadeia de fornecimento e design de Data Centers. Além de networking, o evento contará com painéis, debates e sessões keynote sobre o setor.

Vitor Caram, Diretor de Expansão LATAM da ODATA, marcará presença no DCD>Connect São Paulo. Ele integrará o painel que abordará as estratégias essenciais para impulsionar a construção de data centers no Brasil. Antes do evento, o time da DCD teve a oportunidade de dialogar com Vitor, explorando a fundo os tópicos que serão discutidos durante o painel. Confira!

Quais estratégias são necessárias para acelerar o processo de construção de Data Centers no Brasil?

Do ponto de vista macropolítico, é necessário consolidar o Brasil como região de interesse internacional. O crescimento da Cloud é uma tendência sólida e deve manter-se acelerado. Precisamos estar atentos aos movimentos revolucionários direcionados pela revolução de IA, garantindo um ambiente atrativo e receptivo para estes investidores, que possuem requisitos específicos e precisam validar seu modelo de negócios encaixa no nosso ambiente político-econômico. É um momento de análise do direcionamento dos novos projetos em escala global e o Brasil tem bons atributos para atrair grandes projetos no curto e médio prazo.

Do ponto de vista de operador de data centers, muitos gargalos à cadeia de desenvolvimento de projetos começam a aparecer num momento de forte crescimento da indústria, e, para acelerar a implantação de projetos, acreditamos que a capacidade de cumprimento de prazos e de garantir expansões (projetos future-proof) seja o principal para empresas do nosso setor e é onde acreditamos estarmos tendo sucesso. Em suma, conseguir entregar projetos cada vez maiores e mais complexos, no prazo que a demanda está exigindo é o que deve garantir a aceleração da construção de data centers no país – ao criar um ciclo virtuoso de confiança dos clientes finais no nosso ecossistema de negócios.

Quais são os principais fatores que tornam o Brasil um mercado tão atrativo para investidores de data centers?

O Brasil reúne atributos importantes para o investimento em data centers desde aspectos macroeconômicos e geopolíticos: (I) economia digital em constante crescimento no país com maior PIB da região; (II) posicionamento estratégico com relação ao continente; (III) infraestrutura de telecomunicações madura e muito bem interconectada com o resto do mundo; (IV) infraestrutura elétrica bem desenvolvida em um mercado com recurso de matriz limpa abundante (V) ambiente de comercialização de energia que oferece um mercado competitivo e maduro, viabilizando boa previsibilidade de preço de longo prazo e garantia de fornecimento. Além disso, tem se demonstrado um país de economia e política estável e resiliente a crises de origem interna e externa.

Quais estratégias podem ser adotadas para otimizar a sustentabilidade no processo de construção dos data centers?

Acredito que durante a fase de construção, somos das indústrias com maior capacidade de aplicar as boas práticas da cartilha de sustentabilidade para qualquer construção: padronização, simplicidade estrutural e arquitetônica, modelagem (BIM), aplicação de pré-fabricação e construção fora do canteiro, etc. Quanto menor a necessidade de improviso, decisões em obra e mudanças intempestivas de projeto, mais sustentável a obra. Acreditamos muito nisso – incentivamos e somos incentivados por nossos clientes e parceiros de construção a persegui-lo.

Além disso, investimos muito na gestão de ESG e temos um time forte atuando no dia a dia dos nossos projetos, em todas as fases dele (da concepção e construção à fase operativa), aplicando conceitos de melhoria contínua, visando disseminação de lições aprendidas por todos os nossos projetos e buscando fortalecer uma cultura corporativa que busque genuinamente resultados positivos do ponto de vista mais amplo possível da sustentabilidade.

Como a crescente demanda por serviços de Data Centers no Brasil afeta o tempo de entrega destas construções?

O crescimento adensado da demanda move o risco de prazo das construções na direção de diversas restrições potenciais para o planejamento dos projetos. Destacadamente: (I) Energia e processos de conexão, (II) Supply-chain e (III) mão de obra especializada:

Energia: o adensamento de projetos de data center em uma mesma região pode saturar parte do grid de conexão das empresas de distribuição e transmissão. Nesses casos, os tempos de projetos de expansão desse tipo de infraestrutura pode ser bastante superior aos prazos de entrega dos projetos de data center. Isso pode levar a atrasos significativos ou até inviabilizar projetos ou expansões, dependendo do nível de obras necessárias no sistema elétrico. Este é um risco que trabalhamos muito para mitigar nos nossos desenvolvimentos.

Supply-chain: alguns equipamentos críticos para operação de data centers têm sido uma restrição importante no planejamento de data centers em nível global. Maior demanda no país também aumenta a competição por equipamentos destinados aos representantes locais, o que pode ser um fator de risco relevante para os prazos de projetos.

Mão de obra especializada: empresas de engenharia e construção também são recursos especializados finitos, mas muitos players têm se preocupado em se desenvolver para participar cada vez mais deste mercado. É importante considerar o risco da falta de experiência específica na hora de planejar os empreendimentos, mas temos muito bom capital humano na engenharia nacional para mitigar esse risco.

A ODATA acredita muito na padronização de projetos, na antecipação de investimentos críticos (terrenos, energia e equipamentos) e no desenvolvimento parcerias sólidas e duradouras como principais mitigadores do risco de prazo de cada um dos pontos destacados acima.