Nesta semana, o Broadcast DCD>Sustentabilidade Brasil trará uma programação completa, com diversas sessões relevantes. Um dos painéis em destaque abordará o impacto de não adotar práticas sustentáveis no setor de Data Centers. Fernanda Siqueira, Coordenadora de ESG & EHS LATAM da ODATA e uma das painelistas confirmadas, nos concedeu uma entrevista, adiantando algumas respostas que serão amplamente discutidas durante o painel. Não perca!

A discussão sobre sustentabilidade deveria ser incorporada às estratégias dos Data Centers desde a construção?

Sim! Na verdade, devemos analisar a otimização de recursos naturais e processos inerentemente mais seguros desde a etapa de projeto.

É no design que muitos KPIs relacionados à otimização são “setados”, como o PUE e o WUE. Portanto, a agenda ESG deve estar intimamente inserida desde a etapa de projeto.

Na construção, temos uma preocupação ainda maior com a segurança do trabalho, pelo grau de risco ser maior. E durante a operação, certamente devemos também incorporar a sustentabilidade à estratégia. Seja no cálculo da pegada de carbono, em layouts para otimização da eficiência energética ou na gestão correta dos resíduos que geramos.

É inconcebível que novos data centers sejam desenvolvidos sem que haja políticas rígidas em prol da sustentabilidade e da agenda ESG.

Quais são os principais desafios enfrentados pelos Data Centers na adoção de práticas sustentáveis?

Um dos principais desafios está no timing que essas práticas sustentáveis foram inseridas na estratégia de negócio. Para data centers já em operação, as possibilidades de torná-lo “mais sustentável” são limitadas em relação àqueles que temos essa preocupação desde a etapa de projeto.

Outro desafio está na íntima interligação entre os aspectos ambientais que avaliamos e as diversas áreas que esses aspectos envolvem. Por exemplo, um data center que consome menos água pode ter como consequência um consumo maior de energia elétrica. Então, é preciso avaliar a matriz elétrica e o estresse hídrico daquela geografia ou, ainda, a viabilidade ambiental e financeira da aquisição de energia renovável.

O tipo de energia consumida impacta diretamente também na pegada de carbono. Investimentos em tecnologia possibilitam a emissão de menos carbono. Se a neutralização das emissões é feita pela compra de créditos de carbono, essa conta pode fechar no longo prazo. Então a maior dificuldade é colocar todos esses players, engenharia, projetos, operações e planejamento financeiro para considerar práticas sustentáveis dentro de suas agendas tradicionais e levando em consideração a interligação entre os aspectos ambientais, que não atuam de forma isolada. Esse desafio se dá, para a gente, em geografias bem diferentes, que influenciam na relação entre esses aspectos ambientais. Tornar a área transversal e completamente integrada à estratégia de negócio pode ser um desafio para muitas empresas.

Quais são as vantagens e oportunidades que se apresentam para Data Centers que adotam práticas sustentáveis?

Eficiência! Sustentabilidade, engenharia e operação têm, no final do dia, todos o mesmo objetivo: fazer mais com menos recursos naturais. Quanto integramos a sustentabilidade na estratégia do negócio. É essa grande vantagem que temos: nos tornamos mais inteligentes e eficientes. Seja no uso da água ou de energia elétrica, na geração de resíduos ou na emissão de carbono, quando temos uma agenda sustentável conseguimos ser mais eficientes e, na maioria das vezes, pagar menos por isso também.

Quando olhamos para o social, todo o nosso investimento em pessoas e nas comunidades que estamos inseridos, isso volta em atração e retenção de talentos. A busca por empresas com os mesmos valores que os colaboradores é vista de maneira ainda mais clara nas gerações mais recentes. Adotar práticas sustentáveis é, em sua essência, ser mais eficiente e responsável com o planeta e com as pessoas.

Como a transparência em relação às ações de sustentabilidade pode beneficiar as empresas?

A transparência é essencial, pois traz diversos benefícios às empresas.

Em primeiro lugar, é possível mencionar o aumento da confiança dos clientes, ao estarem cada vez mais preocupados com o impacto ambiental e como podemos ajudá-los a assumir compromissos públicos. Hoje, isso é algo muito exigido pela maior parte dos clientes de grandes provedoras de data centers e eles dependem, muitas vezes, de nós para que suas metas sejam atingidas. E esse comprometimento com o meio ambiente também contribui para a melhoria da reputação, já que a empresa está tomando ações responsável e ambientalmente sustentáveis que mostram o seu engajamento com as práticas ESG e pode, também por conta disso, atrair mais clientes e investidores.

Por outro lado, a transparência também pode ajudar a reduzir o risco regulatório. Quando as companhias cumprem com as leis e regulamentações ambientais adequadamente e mostram esse compromisso, elas se tornam menos expostas e vulneráveis a multas e penalidades regulatórias.