Li em um relatório recente da Statista que a criação total de dados em todo o mundo mais que dobrou de 2019 a 2022, passando de 41 para 97 zettabytes. Além disso, a previsão é que até 2026, este volume dobre novamente, atingindo 181 zettabytes. Com novas tecnologias, como inteligência artificial (IA), machine learning e internet das coisas (IoT) sendo adotadas de forma cada vez mais rápida e complexa, os data centers também precisam comportar cargas de trabalho cada vez maiores. Tal fato impacta diretamente no aumento do uso de energia e das emissões de carbono. 

Um levantamento da Association for Computing Machinery apontou que o setor de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) gera cerca de 3,9% das emissões globais de CO2, estando à frente de outras indústrias, como a aviação ou produtos químicos.

Neste cenário, o consumo de energia está se tornando um fator cada vez mais crucial. O crescimento da demanda por mais solução de dados que geram insights para o negócio ao criar uma visão 360 do cliente, ou decorrente da coleta de informação de sensores na indústria e agricultura, buscando uma maior eficiência e automação com o uso de tecnologias como a inteligência artificial generativa e a necessidade de reduzir o impacto ambiental criam um grande desafio para as organizações. 

Algumas empresas apontam a migração para cloud pública como uma potencial solução para atingir suas metas de sustentabilidade para os dados.  Por mais que o processo de descarbonização dos data centers possa ser complexo e também dependa do setor de atuação da empresa, vale ressaltar que as empresas que transferem sua emissão para a cloud pública continuam respondendo pelos seus impactos de emissão de carbono por meio do escopo 3 — emissões sobre as quais a organização não tem controle algum. 

Entretanto, a solução também pode surgir a partir de uma abordagem com foco na descarbonização dos data centers. O relatório Data Infrastructure Sustainability aponta que 51% dos líderes enxergam um data center ecológico como uma das melhores maneiras de descarbonizar suas operações. Além disso, 27% dos líderes relatam que estão à frente dos objetivos de seus planos de redução de emissões de carbono. Mesmo assim, é possível observar alguns desafios que podem envolver a gestão organizacional nesta questão, como a falta de uma estratégia bem definida, insuficiência de apoio executivo, custos elevados e orçamentos limitados. 

Vemos o quanto a crescente conscientização e busca por práticas sustentáveis são  notáveis e precisam ser cada vez mais desenvolvidas. Entretanto, é importante dizer que a sustentabilidade não pode ser vista apenas como uma tendência, mas sim como uma realidade. Atuar de forma sustentável é a nova maneira de fazer negócios e deve ser vista como uma prioridade para as organizações. Afinal, os líderes que tratam os dados com uma visão ecológica também estão mais propensos a verem a sustentabilidade como um fator que apresenta grandes oportunidades para o crescimento dos negócios, atrair investimentos e otimizar custos. 

Para melhorar a pegada ambiental, as empresas precisam rever desde a utilização de energia e emissões em seus armazenamentos de dados, por meio da consolidação e utilização de tecnologias mais eficientes, até os serviços e produtos que desenvolvem. Tal fato não pode ficar preso somente às emissões que podem controlar dentro dos seus ambientes, mas também, acredito que as organizações devem incentivar um trabalho em conjunto para que seus parceiros, fornecedores e sócios também estejam na mesma página quando se trata do quesito sustentabilidade. 

Percebemos o quanto as demandas de energia e a produção de carbono no setor de tecnologia devem ser cada vez mais ponderadas para promover um desenvolvimento mais sustentável. Por isso, é importante que os C-levels estejam cada vez mais envolvidos nos planos de descarbonização, considerando opções além da migração para cloud pública e colocando a inovação acima da regulamentação, para não correr o risco de ficar para trás. Neste sentido, a área de TI pode ter um grande protagonismo neste tema.

É necessário que as organizações vejam a sustentabilidade não como uma simples tendência, mas sim, como um pilar fundamental para o desenvolvimento dos negócios. Algumas empresas já contam com um portfólio de oferta de data centers sustentáveis que permitem a redução de cerca de 95% da redução de CO2

Além disso, alguns passos como: organização de planos estratégicos detalhados, engajamento da empresa como um todo para que seja um esforço conjunto e alocação de recursos necessários serão diferenciais para não apenas se sobressair no mercado, mas também, para garantir um ecossistema de produção ecologicamente correto para esta e as futuras gerações.