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Ganho de produtividade, eficiência operacional, escalabilidade e redução de custos. Estes são os principais benefícios de implementar a automação em um data center. Mas os centros de dados brasileiros já estão conscientes da importância da automação? Quais são os principais impasses na hora de optar por esse tipo de ferramenta?

A automação é o processo de gerenciamento e automatização de fluxos de trabalho e processos nas instalações do data center. Ela engloba a maioria das operações, gerenciamento, monitoramento e tarefas de manutenção que são executadas manualmente por operadores humanos.

De acordo com Rafael Marcon, Engenheiro de Infraestrutura na V.tal, no Brasil ainda estamos na fase de implantação de sistemas como o Elipse, BMS e DCIM (Data Center Infrastructure Management).

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Rafael Marcon, V.tal – Linkedin

“Poucos sites possuem Inteligência Artificial e/ou Machine Learning no DCIM ou pontualmente em máquinas de ar condicionado de precisão. Em quase todos os Data Centers é comum encontrar um sistema supervisório do tipo BMS. O DCIM ainda é raro no país e a sua aquisição em Data Centers ainda é muito tímida tendo em vista o alto custo de implantação (dependendo do tamanho do data hall) e pouca diversidade em variáveis preventivas e preditivas”, afirmou Marcon.

Segundo a análise do engenheiro, os clientes de Edge computing e Hyperscale, entretanto, solicitam dados específicos de temperatura e umidade, alarmes em UPS, entre outros, justificando esse investimento a médio prazo e aumentando a credibilidade e disponibilidade no site”.

Um relatório da Bjumper e da DCD, publicado em 2022, sobre investimento em ferramentas de automação de data centers mostrou que apenas 20% das empresas têm seus sistemas automatizados na América Latina.

Há desvantagens?

Para Rafael Marcon, as únicas desvantagens da automação nos centros de dados é o alto custo inicial e possíveis incidentes na ausência de supervisão humana. “Já as vantagens são inúmeras, como a customização de dados numa única janela em tela, alarmes preditivos, visualização remota, baixo custo operacional após implantado, redução de conta de energia, eficiência em sistemas HVAC (reduzindo a quantidade de insumos anuais), aumento da disponibilidade, queda de incidentes anuais causados por humanos, entre outros”.

Na opinião de Marcon, o uso de robôs, Machine Learning e IA são as tendências na automação de Data Centers no Brasil até 2025, porém muitos Data Centers “ainda estão estacionados em sistemas supervisórios do tipo BMS. Acredito que nenhum Data Center no Brasil possui toda a tecnologia disponível no mercado. A cada três anos, em média, os equipamentos de TI e Telecom sofrem alterações dimensionais e a eficiência energética e a automação precisam se adequar a essas novas tecnologias”, explicou.

Automação predial versus industrial

Gustavo Chiarelli, arquiteto de sistemas para Data Centers na Schneider Electric, destacou a importância de considerar as diferenças entre a automação predial e a industrial.

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“Existem players que estão vindo para o mercado da América Latina com uma maior conscientização da automação. Esses dois players grandes que temos no mercado, inclusive, não usam automação industrial, mas sim predial. Porque o data center nada mais é do que um prédio onde moram servidores. A automação predial é um sistema de automação pensado num prédio. Ela não é nem mais, nem menos robusta do que uma automação industrial. Existem hospitais e empresas farmacêuticas, por exemplo, feitos com automação predial”, explicou.

Ele continuou: “Usar esse tipo de automação predial para o data center é o correto. É preciso usar o tipo de automação certa para a aplicação certa. Claro, subestação ou uma central de água gelada mais rebuscada, é possível fazer um misto de automação industrial com automação predial, com esta sempre em cima, dando esta visualização”.

De acordo com Chiarelli, embora nas faculdades e cursos técnicos seja abordada a automação industrial, algumas funcionalidades são difíceis de fazer com esse tipo de automação, que é considerada “genérica”.

“É um sistema que pode ser feito para uma linha de produção, automóveis e subestações, por exemplo. E a automação predial traz uma visão mais amigável para o usuário, que não é um engenheiro de ar-condicionado nem elétrico. Essa automação no mercado brasileiro tem que perder o preconceito de que não é robusta. Pelo contrário, é mais resiliente e às vezes mais robusta porque se pensa numa automação distribuída que o data center precisa”, esclareceu.

Ele acrescenta, explicando que como a automação predial “pensa” num prédio, quando ocorre um problema, “o sistema é preparado para mostrar em qual posição do prédio está o problema, a consequência e a causa raiz da falha”.

Outro ponto de análise, segundo o engenheiro, é dar a devida atenção à resiliência. “É essencial pensar na automação do data center como regra de negócio, sem esquecer da resiliência. Não digo redundância, mas sim resiliência. Porque em algum momento você pode ter um software super-redundante e alguém fazer algo errado neste software, e não há camadas abaixo de resiliência. Então, acredito que a automação de data centers precisa começar a ouvir essa palavra de resiliência”, reforçou.

BMS X DCIM

No broadcast gratuito DCD>Automação, James Mello, DCIM Product Manager da Eaton; e Agostinho Villela, CTO e Engineering VP da Scala Data Centers; debateram as principais diferenças entre os sistemas BMS (Building Management System) e DCIM (Data Center Infrastructure Management).

Para Agostinho, o DCIM e o BMS possuem naturezas diferentes. “O DCIM nasceu para os data centers, mas foi pensado mais para um centro de dados de hosting, em que você também está gerindo os ativos de TI. A principal diferença é que o BMS vale para qualquer tipo de planta. É possível ter o BMS numa fábrica ou usina, por exemplo. Enquanto o DCIM é voltado mais para os data centers e chega no nível dos equipamentos de TI”.

Segundo Agostinho, dependendo do fornecedor, os dois sistemas podem coincidir em funcionalidades. “Dependendo do fornecedor, eles têm um overlap. O DCIM tende a ter uma parte analítica mais robusta que o BMS. Mas eu diria que é a grande diferença, o BMS focado na infraestrutura digital e o DCIM na parte de infraestrutura de TI. Na Scala focamos no uso de BMS, porque a natureza do nosso business é colocation. Não somos do uso de ativos de TI. Mas certamente para quem faz hosting, o DCIM seria recomendado”.

James destacou que já existem alguns softwares de DCIM com algumas funcionalidades do BMS incorporadas, o que ajuda a ter uma gestão melhor dos ativos de infraestrutura e de TI.

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“O DCIM tem um papel fundamental na infraestrutura de data centers. Ele permite que a gente faça o monitoramento de todos os dispositivos. Ou seja, a leitura do status, o quanto de energia estou consumindo, qual é o status dos meus servidores, das minhas máquinas virtuais, qual é a temperatura do ambiente, a autonomia da bateria, entre outros. Além disso, ajuda a fazer toda a governança do site, tanto da parte de infraestrutura - quais equipamentos eu tenho, o tipo de fabricante, o modelo, quando foi adquirido e a sua garantia”, explicou.

Gerenciamento, agilidade e segurança

Technical Manager na Zoho Corporation no Brasil, Tonimar dal Alba ressaltou como tendências na automação o panorama das configurações e o seu gerenciamento, o aprovisionamento de recursos e a cibersegurança.

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Tonimar dal Alba, Zoho Corporation – Linkedin

“Durante a pandemia, quando todos tiveram que partir para o home office, algumas brechas ficaram expostas para os hackers, então houve a necessidade de automações de ações de segurança. Em um ataque de IP, por exemplo, o data center precisa identificar rápido o que está acontecendo e fazer uma remediação para evitar que um cliente ou vários clientes sejam afetados. Quanto mais recursos entrem, mais camadas de segurança devem haver”, disse Tonimar.

Um grande benefício, para ele, é a agilidade fornecida pela automação. “Com o seu painel/dashboard, é possível alocar recursos de acordo com a necessidade do data center, deixando tudo na mão do próprio usuário para que ele faça essas configurações e o aprovisionamento”, explicou.

Em ambientes multicloud, Tonimar destaca a grande preocupação dos clientes na gestão dos custos operacionais.

“Muitos clientes vão para a nuvem por moda ou por estratégias, mas o problema é quando chega o boleto para pagar e o custo não é como ele estava acostumado, fixo, mas sim variável. A maioria das clouds também trabalha em dólar. É um assunto que tem muita gente perdida, entretanto existem ferramentas de automação que podem gerenciar este custo”, afirmou.

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